Fugas - Viagens

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Continuação: página 3 de 7

Nos caminhos da antiga Rota do Chá

Um deles, Wei, que mora em Jianchuan e se lembra de um tio-avô que contava histórias das caravanas, tem vindo a ganhar calo como guia local. Acredita que o futuro de Shaxi, depois das caravanas de chá e da agricultura, assentará os pés no turismo: “Agora já não temos o Mao a distribuir terras a camponeses para os tirar da escravatura da Cha Ma Dao.”

Não percebi, pela expressão, se a ausência de Mao Ze Dong seria uma bênção ou o contrário. Pensando certamente nas novas caravanas que a recém-inaugurada auto-estrada entre Dali e Lijiang há-de trazer um dia destes, Wei não tem dúvidas quanto à aposta que tem que fazer para que a fortuna lhe sorria. “Um dos melhores negócios em Shaxi, agora, é uma agência de guias de trekking.” E desfia, entre goles de um refrigerante apátrida, uma série de alvitres para exploração dos arredores da aldeia. Um deles é o de uma jornada, a passo de mula, à montanha Shibaoshan, para ver umas antiquíssimas imagens budistas esculpidas na rocha. “De acordo, meu caro Wei, vem mesmo a calhar, amanhã vamos a Shibaoshan.”

O labirinto harmonioso

Descending from the pass, the loveliness of the valley hit me with staggering force, as it always did when I made this journey to Likiang in spring-time. I had to dismount and contemplate this scene of paradise.” A descrição é de Peter Goullart, um viajante e explorador russo que viveu em Lijiang uma dezena de anos, até à fundação da República Popular da China, em 1949. Goullart tinha já passado largo tempo em Xangai, falava fluentemente mandarim e naxi, uma língua sino-tibetana, e deixou em The Forgotten Kingdom um testemunho vívido do universo social e cultural dos povos da região, descendentes das antigas tribos tibetanas Qiang.

Conta como a nação Naxi revelava muitas influências religiosas e culturais da sociedade tibetana e como, em contraste com a maioria Han, era bastante receptiva à presença de estrangeiros, apesar da localização do seu pequeno reino, encravado numa zona montanhosa confinante com os Himalaias e o norte remoto da Birmânia. Por volta desses anos também aqui viveu o botânico e geógrafo Joseph Rock. Obrigado a deixar a China, tal como Goullart, na sequência do triunfo do Exército Vermelho e da chegada de Mao ao poder, Rock escreveria mais tarde, com esperança, ainda, de um regresso a Lijiang: “I want to die among those beautiful mountains rather than in a bleak hospital bed all alone.”

Como seria a bela Lijiang há trinta anos, quando a China começou a despertar e, logo a seguir, iniciou um processo de progressiva abertura ao exterior? Não é difícil imaginar o contraste com o actual ambiente sempre domingueiro e hedonista, com milhares e milhares de turistas nas ruas, centenas de bares com música ao vivo, discotecas com DJ de gestos e gostos padronizados, lojas repletas de artesanato e de uma imensidade de produtos típicos da província, como o famoso chá Pu’er. Lijiang passou, no espaço de tempo de três décadas, de uma tranquila cidade de província para um destino turístico com uma média de cinco milhões de visitantes por ano.

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