Fugas - Viagens

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Os desbravadores de montanhas

O trail surge como um desporto individual que é praticado em grupo. Porquê esta tendência?
O treino em grupo sempre fez parte da corrida amadora. Podemos olhar para alguém como Arthur Lydiard [runner e treinador neozelandês que ficou conhecido pela popularização da corrida de longa distância], que tinha grupos de pessoas a correr com ele por questões de treino e fitness; e, a outro nível, podemos dizer que a caça primitiva, que envolvia a corrida, também era uma actividade grupal. Embora seja um desporto individual em termos de realização, muitas pessoas estão mais interessadas na experiência de grupo. Isto levanta a questão de se tratar, de facto, de um desporto.

Quais poderão ser as principais motivações na procura do desporto de natureza nas sociedades contemporâneas?
Uma será a segurança. Como ciclista, conheço muitas pessoas preocupadas em andar de bicicleta na estrada, por isso, o ciclismo de montanha ou o cross tornaram-se opções melhores e mais seguras. Além disso, no trail há variações. Dependendo da época, vemos coisas diferentes na natureza, o que torna mais fácil correr o mesmo percurso várias vezes.

Ao mesmo tempo, o trail running pode ser mais fácil para o corpo, mostrando-se uma opção favorável para os runners com tendências para lesões. Outra questão é que tendemos a preocupar-nos menos com a velocidade. É mais difícil olhar para o relógio quando estamos a tentar não tropeçar nos obstáculos! Finalmente, existirá uma experiência de reconexão à natureza, distante da vivência moderna que nos separa dela.

De que forma o trail passa de uma dimensão pouco significativa para um fenómeno massificado?
Há uma oportunidade de ecoturismo no trail running. E é muito fácil organizar uma excursão que envolva uma corrida num percurso definido, tal como acontece com as caminhadas. Então estamos a falar de possíveis benefícios económicos que trazem vantagens em termos de saúde para a sociedade. Além disso, é algo que conecta as pessoas às noções de sustentabilidade e de gestão de recursos.

As ultra-distâncias estão a ganhar cada vez mais terreno na modalidade. Há limites?
As ultra-distâncias têm os limites do tempo de treino e do interesse no evento. O Ironman é um bom exemplo. Este tipo de prova cresceu tremendamente e é um evento que requer muito tempo e recursos, ao contrário do que acontece numa ultra, onde umas sapatilhas e talvez uma mochila chegam. Em termos de distância, não há limites ou, pelo menos, ainda não o alcançámos. Há corridas por todos os Estados Unidos, por exemplo. Recentemente, houve uma prova de seis dias numa pista coberta do Alasca [Six Days in the Dome] ou corridas à volta do lago Tahoe [situado na Serra Nevada, com um perímetro de 114 km]… Há inúmeras corridas que ultrapassam as nossas concepções sobre até onde conseguimos ir.

 

Perfis

Bárbara Rocha, 31 anos, investigadora em Ciências da Saúde
Paulo Conceição, 46 anos, administrador de empresa

Não são completos habitués das corridas de montanha, mas são amigos e têm-se encontrado a correr pelo país. Bárbara treina duas a três vezes por semana para poder participar nas provas regularmente. Sempre praticou desporto, gosta de natureza, e o que a conduziu ao trail foi a “vontade de acelerar o hicking”. Vive em Aveiro, pelo que, entre viagens, inscrição, alimentação e alojamento, terá gasto à volta de 100 euros para participar no Grande Trail da Serra d’Arga.

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