Fugas - Viagens

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Os desbravadores de montanhas

Para Paulo, “a corrida sempre foi um treino para os outros desportos, mas agora passou a ser ‘o’ desporto”, conta o empresário que enverga no corpo 1500 euros de equipamento (só 600 estão no relógio com bússola). Ainda assim, “sai muito mais barato do que outros desportos”, comenta. Paulo treina 12 horas por semana e participa em mais de dez provas de trail por ano, principalmente porque, neste ambiente, “a competição é mais salutar”.  

 

Bruno Sousa, 31 anos, guarda prisional
Encontramo-lo sentado no alto da serra com as pernas feitas em arranhões, agasalhando o corpo com a força dos próprios braços. Bruno Sousa, cuja última proeza havia sido o segundo lugar na prova 24 Horas a Correr, em Vale de Cambra, perdeu-se do percurso e acabou por desistir da ultra. O Grande Trail da Serra d’Arga marca um ano sobre a sua entrada neste mundo. Antes, corria em estrada e chegou a fazer triatlo, mas havia “muita rivalidade”, diz. “Aqui pede-se desculpa e não se deita lixo no chão, respeita-se a natureza”, descreve o atleta. Ainda assim, admite que é preciso “gostar de sofrer”, sobretudo ao nível psicológico. Para aguentar a ultradistância e os 5000 metros de desnível positivo acumulado (a soma de todos os desníveis do percurso), treina 150 km por semana. Já perdeu a conta às provas que fez e que lhe deixam marcas no corpo. Ainda assim, “as dores não importam”.

 

Ester Alves, 33 anos, campeã nacional de skyrunning, doutoranda em Patologia Genética Molecular
Foi campeã nacional de ciclismo, deu cartas no remo e ingressou na aventura do trail em 2012. Hoje, é das melhores trail runners portuguesas, com provas dadas no estrangeiro — foi a oitava mulher a cruzar a meta no Ultra Trail du Mont-Blanc, um dos mais desafiantes percursos do mundo, com 168km. “Às vezes chega a ser um duelo [com a natureza], porque quando estamos em provas de trail temos de superar as mudanças de clima, as alterações de altitude… Podemos começar uma prova com chuva e frio e umas horas depois a situação está completamente alterada. Mas temos de estar preparados para tudo. No trail, diz-se que muitas vezes morremos e depois renascemos, e há mesmo muitos momentos assim”, diz Ester, com uma cábula do percurso do Ultra Trail Aldeias do Xisto (que venceu) marcada a caneta no braço.

Pratica trail pela “satisfação de superar cada desafio”. “São momentos que irei recordar aos 80 anos”, confessa. Na sua outra vida, é investigadora na Faculdade de Medicina do Porto, onde o tempo de biblioteca lhe permite parar o corpo e exercitar o cérebro, para alcançar o equilíbrio.

 

José Marçal, 53 anos, agente da PSP
“No ano passado fiz a prova [73 km] em 13 horas”, congratula-se o polícia, cuja principal expectativa num trail é “chegar ao fim”. Começou a correr há cinco anos, na Corridas das Fogueiras (15 km), em Peniche, onde “ia morrendo”. Mas decidiu insistir, primeiro pela camaradagem, depois, por vício. “Não faço isto todos os fins-de-semana, mas corro assiduamente. Levanto-me de madrugada, ando não sei quantos quilómetros para ir a uma prova, mas depois é um prazer enorme, uma grande liberdade.”.

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