Fugas - Viagens

Continuação: página 5 de 6

O sorriso de Buda

No Sul, em Si Phan Don, o Mekong fragmenta-se numa miríade de braços que faz nascer um arquipélago fluvial com, diz-se, quatro mil ilhas. A designação poética tem sentido para a maioria das ínsulas, mas as duas ou três principais começam a dar sinais de que em breve a voragem do turismo, se não houver uma firme política de regulação, acabará definitivamente com o paraíso. A observação de golfinhos é uma das actividades de ecoturismo, sobretudo quando o caudal do Mekong se reduz — o que começa a ocorrer, justamente, nesta altura do ano.

Turismo cultural: o fio da História

A História do Laos confunde-se, frequentemente, com a dos países vizinhos do Sudeste Asiático e muitos dos vestígios arqueológicos partilham características com os seus congéneres do Vietname, Camboja, Birmânia e Tailândia. Um dos mais eloquentes exemplos pode ser observado nas ruínas khmer do complexo arqueológico de Champasak, situado no Sul do país, perto da cidade de Pakse. Classificado pela UNESCO e contemporâneo de Angkor, integra também as ruínas de um antigo e importante templo hindu, o Wat Phou.

Na Planície dos Jarros, a sudeste de Luang Prabang, sobrevive um mistério com muitos séculos e uma paisagem bizarra. Por uma imensa área encontram-se dispersos enormes artefactos de pedra, que chegam a pesar várias toneladas, registando-se um relativo consenso entre os arqueólogos quanto à sua função, possivelmente a de urnas funerárias. O Laos tem em curso a preparação de uma candidatura da Planície dos Jarros a Património Mundial. No local, os visitantes devem tomar em atenção as restrições de movimentos determinadas pelas autoridades e caminhar apenas nas áreas sinalizadas: entre 1969 e 1974, bombardeiros dos EUA lançaram sobre o Laos milhares de bombas (e muitas ficaram por explodir), numa tentativa de bloquear o chamado “Caminho de Ho-Chi-Minh”, que servia o abastecimento das forças vietcong durante a guerra do Vietname.

No âmbito do turismo cultural, sobretudo no Norte e Centro, as visitas guiadas e as homestays em aldeias das minorias étnicas hmong, akha e khmu, entre outras, têm vindo a ser promovidas por várias agências. Convém sempre avaliar o perfil deste tipo de actividades e a reputação das agências.

O budismo tem expressões arquitectónicas singulares no Laos, de que é exemplo o Templo da Cidade Dourada, em Luang Prabang. Mas além desse, e de outras três dezenas de templos da velha capital do reino de Lan Xang, há muitos edifícios religiosos a merecer a atenção do viajante. Dois exemplos: o Wat Si Sakhet, o templo mais antigo de Vienciana, que conserva uma espantosa colecção de mais de duas mil imagens de Buda em cerâmica e prata, e, naturalmente, o Phat That Luang, também na capital. Com a sua grandiosa e inconfundível stuppa dourada, é desde há muito o símbolo do país, regimes políticos à parte.

Guia prático

Como ir

Não há voos directos de Portugal para o Laos. Hipóteses a explorar são os voos via Paris, com a Air France. A Lao Airlines voa apenas para alguns países asiáticos e tem voos domésticos entre a capital e as principais cidades do país. Uma alternativa pode ser voar para Banguecoque e na capital da Tailândia apanhar um voo para Vienciana ou Luang Prabang, ou, ainda, tomar o Expresso de Nong Khai para a fronteira do Laos. Do outro lado, a meia hora de viagem de autocarro, está Vienciana.

--%>