Fugas - Viagens

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Qatar, tão longe do passado e tão perto do futuro

Das pérolas viveram, até 1930, ano em que o mercado entrou em queda, os qataris. Mas se recuarmos mais um pouco — e mesmo se avançarmos outro tanto — a vida da população foi, durante muito tempo caracterizada pela pobreza, a má nutrição e as doenças. A chegada das primeiras prospecções petrolíferas e o estabelecimento, em 1935, da Petroleum Development Qatar, precursora da actual companhia estatal Qatar General Petroleum Corporation, marcaram o início de uma nova era que, ainda assim, foi retardada, durante dez anos, pelo eclodir da II Guerra Mundial. Para se ter uma ideia das condições de vida do emirado, não é preciso ir mais longe: a primeira escola abriu em 1952 e o primeiro hospital, verdadeiramente equipado, sete anos mais tarde. A modernização do país avançava, ainda assim, de forma lenta, até que, em 1972, Khalifa bin Hamad bin Abdullah bin Jassim bin Muhammed Al-Thani, após um golpe militar de mestre, decidiu acabar com as extravagâncias da família real e colocar o Qatar na lista dos países como exemplo de bem-estar.

Caminho de encontro às águas do golfo, para a direita, avisto o moderno Museu Islâmico, destino incontornável da cidade que reflecte toda a vitalidade, complexidade e diversidade das artes no mundo islâmico, uma viagem ao longo de 13 séculos por três diferentes continentes. À minha frente, um grande número de bonitos barcos de madeira (muitos deles construídos em Sur, no Sultanato de Omã), os famosos dohws, uma herança dos beduínos. Mais para lá, rasgando os céus, em perfeito contraste nesta cidade de contrastes, um conjunto de prédios construídos num terreno onde não há muito tempo nada mais havia do que areia, a Manhattan de Doha, a imagem do progresso de um país que vive mais no futuro do que no passado.

- É o poder do dinheiro!

A frase de Hlaim Jablaoui, outro jornalista tunisino, mas este a viver em Doha, resume a realidade actual do Qatar. Não é apenas a produção de petróleo, é também o gás; para já, o Qatar é o terceiro produtor, depois da Rússia e do Irão, mas os próximos anos encarregar-se-ão de colocar o emirado no primeiro lugar da lista. A Corniche estende-se ao longo de sete quilómetros, o mar murmura, os imigrantes deitam-se à sombra de uma palmeira no intervalo para o almoço e os qataris conduzem os seus potentes carros, com o ar condicionado no máximo, em direcção à ilha artificial, no outro extremo da baía. A Pearl já se desenha no horizonte, com os seus quatro milhões de metros quadrados. É um cenário das Mil e uma Noites. Para os locais, com os seus ordenados cuja média chega aos 8500 euros, batendo todos os máximos mundiais, um crescimento económico anual de 20% e uma taxa de desemprego quase nula, depois do Paraíso surge o Qatar. No primeiro nunca estive, no segundo, tantas são as diferenças em pouco mais de 20 anos, é como se nunca tivesse estado.

Informações

Quando ir

O Qatar, com um território plano e desértico, tem um clima quente e seco. No Verão, que vai de Maio a Outubro, as temperaturas durante o dia atingem facilmente os 50 graus, com uma elevada percentagem de humidade. No Inverno, entre Novembro e Abril, o clima é mais suave (mesmo assim as mínimas são de 13 graus e as máximas podem chegar aos 30), as noites mais frescas e ocasionalmente ocorre precipitação. Ainda no Verão, o Qatar é por vezes afectado pelo Shamal, um vento forte que normalmente provoca tempestades de areia e, por outro lado, é importante ter em conta que o clima é ainda mais tórrido no interior, enquanto Doha e outras cidades e zonas costeiras beneficiam da proximidade do Golfo.

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