Fugas - Viagens

  • Porto, Jardim das Virtudes
    Porto, Jardim das Virtudes Maria João Gala
  • Lisboa, uma imagem de arquivo da CML da vista desde o Miradouro da Senhora do Monte, aqui com romântico lembrete
    Lisboa, uma imagem de arquivo da CML da vista desde o Miradouro da Senhora do Monte, aqui com romântico lembrete DR/CML
  • Coimbra, Quinta das Lágrimas
    Coimbra, Quinta das Lágrimas Adriano Miranda
  • Monsaraz
    Monsaraz Rui Gaudêncio
  • Tapada de Mafra
    Tapada de Mafra Rui Gaudêncio
  • Sintra, Pena
    Sintra, Pena DR/PNS
  • Porto Covo
    Porto Covo Enric Vives-Rubio
  • Algarve, Ria Formosa
    Algarve, Ria Formosa Virgilio Rodrigues
  • Montesinho
    Montesinho Fernando Veludo/nFactos
  • Aldeia da Pena, São Pedro do Sul
    Aldeia da Pena, São Pedro do Sul Nelson Garrido

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Portugal dos namorados

Porto Covo e Ilha do Pessegueiro

Do vizir de Odemira que, dizem, por amor se matou novo no lugar de Porto Covo, só resta a memória cantada por Rui Veloso. Mas das falésias que suportam a aldeia a vista continua a chegar à ilha do Pessegueiro (que se não tem registo de ocupação muçulmana, tem-no de cartagineses e romanos e vestígios ostensivos de um forte construído durante a dinastia filipina), ao mar azul e ao litoral escarpado deste cantinho do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. E é romântico, pois claro.

Desde Porto Covo com o seu traçado pombalino, casas caiadas de branco e listas azuis, às praias que se escondem no fundo das arribas, em pequenas enseadas cobertas de areia fina, este pedaço de litoral ziguezagueante (e, por isso, abrigado) pode ser um pedaço de céu — mesmo quando o tempo não convida a mergulhos. Se a Praia Grande é a óbvia, a da aldeia, busquem-se as outras, as que até no nome trazem promessas exóticas, como a Samouqueira, a do Cerro de Águia, a dos Buizinhos, a da Gaivota — sem esquecer, mas a sul, a Praia da Ilha do Pessegueiro, diante desta, sem escarpas ou falésias, apenas pequenas dunas que bailam com o mar.

Algarve, Ria Formosa

São duas penínsulas a delimitar em terra, ou seja, no continente, o “outro” Algarve — aquele um pouco mais abrigado de multidões estivais. Entre a península do Ancão e a península de Cacela, é a ria Formosa que se desenvolve, separada do oceano por uma série de ilhas-barreira onde praias desertas não são uma miragem, são apenas um pouco trabalhosas (é preciso pôr pés ao caminho para chegar até elas; a recompensa são línguas de areia solitárias).

Claro que no Inverno não há multidões nem muitos que se disponham a fazer da praia uma espreguiçadeira, mas este ecossistema cheio de locais insuspeitos não perde o encanto. Seja percorrendo as ilhas, da Barreta (deserta) a Cabanas, passando pela Culatra (a única que tem uma comunidade residente constante ao longo de todo o ano), Armona-Fuseta e Tavira, seja observando a natureza que aqui tem um recanto especial, devidamente reconhecido como parque natural. À primeira vista não percebemos, mas esta ria é um dédalo de sapais e canais, onde no Inverno encontram abrigo espécies como o pato-trombeteiro, o maçarico-real ou a tarambola cinzenta, onde os flamingos são da casa e os camaleões aparecem de vez em quando nos cordões dunares. Ao ritmo das marés, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, sucedem-se sempre de olhos postos na laguna e no horizonte para além dela.

Açores, Flores, Poço da Alagoinha

Não haverá muitos locais que a chuva torne mais interessantes, porém o Poço da Alagoinha será um deles, certamente. Na ilha das Flores, Açores, a natureza não se coíbe de exibicionismos e vale mesmo uma ida ao fim do mundo — ou, melhor, ao fim da Europa: picos a rasgar o céu, vindos das profundezas de vales verdejantes, pastagens esmeraldas, ribeiros e riachos que muitas vezes se despenham em cascatas, falésias a pique e baías escondidas, hortênsias por todo o lado e lagoas que competem entre si pelo título de mais bonita.

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