Fugas - Viagens

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Camboja, com os olhos no futuro

Alguns anos mais tarde, na década de 1990, já depois da retirada do exército vietnamita e com a intervenção da UNTAC (United Nations Transitional Authority in Cambodia), Achariya trabalhou com várias ONG no apoio a populações deslocadas. É desses anos que parece conservar melhores recordações, pelo que elas representaram de um tempo novo, de esperança para um país secularmente constrangido pelas pressões políticas e militares dos seus dois poderosos vizinhos, a Tailândia e o Vietname.

Achariya gostaria de voltar a usar o apelido Monteiro, mas confessa não sentir confiança na evolução recente do país nem em que os históricos problemas do Camboja tenham sido ultrapassados. Com fundamento, ou sem ele, por razões pessoais e subjectivas ou não, a prudência, a apreensão e a angústia de Achariya parecem ecoar o verso do poeta mexicano: "Lo que paso no fue pero esta siendo".

Navegações

Phnom Penh fica na margem de um singular complexo de recursos aquáticos, o que faz com que a cidade seja ponto de partida e de chegada de um punhado de navegações. Junto da capital cambojana, as águas do Tonlé Sap, um lago que é uma das mais importantes reservas de água doce de todo o Sudeste Asiático e que integra uma área classificada como Reserva da Biosfera, tocam as do Mekong e alargam exponencialmente as possibilidades de navegação.

A viagem de barco entre Phnom Penh e Siem Reap, no Norte do país, é uma jornada muito requerida pelos viajantes e toma umas seis horas. O tempo da chuva é a época mais propícia, mas mesmo durante a estiagem, entre Novembro e Março, há barcos navegando rio acima e rio abaixo. Ao longo da viagem, surgem aqui e ali aldeias flutuantes com casinhas coloridas e pescadores mergulhados na faina da pesca com redes.

Outras jornadas, de registo ecoturístico, levam os forasteiros a Koh Dach, uma ilha do Mekong, acessível através de uma breve viagem de barco. Há cruzeiros de poucas horas, a partir do cais de Sisowath Quay, mas a melhor opção é fazer como alguns viajantes, que pedalam umas horas no meio de cenários rurais, regressando depois à capital com as bicicletas cansadas a bordo de um ferry. Para sul, a navegação segue o curso do Mekong para o Delta, podendo os passageiros das barcaças cruzar a fronteira do Vietname em Kaam Samnor / Vinh Xuong (não há visto de fronteira, é necessário passar antes por uma embaixada vietnamita). A viagem demora entre quatro a seis horas, consoante a companhia e a embarcação.

GUIA PRÁTICO

Como ir

Não há voos directos entre Portugal e o Camboja. Uma opção pode ser a de a viagem ser feita via Paris, uma vez que a partir da capital francesa há ligações frequentes para Phnom Penh. Outra possibilidade é voar para Banguecoque, na Tailândia, ou Kuala Lumpur, na Malásia, cidades que têm muitas conexões aéreas com Phnom Penh, como as que são garantidas diariamente pela low cost Air Asia.

Quando ir

O melhor período é entre Dezembro e Março. Em Abril o calor aumenta substancialmente e a partir de Junho a monção, que dura até Outubro, garante chuva todos os dias. Mas esta época não deve ser excluída de todo para viajar, já que muitas vezes a chuva dura apenas uma ou duas horas e acaba por ser um lenitivo para o calor.

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