Fugas - Viagens

  • Lagoa das Sete CIdades
    Lagoa das Sete CIdades João Silva
  • Na doca de Ponta Delgada
    Na doca de Ponta Delgada João Silva
  • Na doca de Ponta Delgada
    Na doca de Ponta Delgada João Silva
  • Banho termal no Terra Nostra
    Banho termal no Terra Nostra João Silva
  • Banho termal no Terra Nostra
    Banho termal no Terra Nostra João Silva
  • No Parque Terra Nostra
    No Parque Terra Nostra João Silva
  • Gorreana, plantação de chá
    Gorreana, plantação de chá João Silva
  • Gorreana, plantação de chá
    Gorreana, plantação de chá João Silva
  • Fábrica de Chá Gorreana
    Fábrica de Chá Gorreana João Silva
  • Furnas
    Furnas João Silva
  • Furnas
    Furnas João Silva
  • Furnas
    Furnas João Silva
  • Furnas, o famoso cozido
    Furnas, o famoso cozido João Silva
  • Furnas, cozer ovos
    Furnas, cozer ovos "vulcânicos" para o lanche João Silva
  • Na Cerâmica Vieira
    Na Cerâmica Vieira João Silva
  • Na Cerâmica Vieira
    Na Cerâmica Vieira João Silva
  • Na Caloura
    Na Caloura João Silva
  • Pescadores na zona da Caloura
    Pescadores na zona da Caloura João Silva
  • Caloura, piscina natural
    Caloura, piscina natural João Silva
  • Vista da Caloura
    Vista da Caloura João Silva
  • Uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos
    Uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos João Silva
  • E, por fim, durante uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos ..
    E, por fim, durante uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos .. João Silva
  • Vista do Pico da Barrosa
    Vista do Pico da Barrosa João Silva
  • Vista do Pico da Barrosa
    Vista do Pico da Barrosa João Silva
  • Pôr-do-sol no Pico da Barrosa
    Pôr-do-sol no Pico da Barrosa João Silva

Continuação: página 3 de 7

Açores, verde esperança

Os troncos cinzento-escuro que parecem boiar à tona de água são na verdade dorsos de três cachalotes, que pouco depois mergulham, deixando o mar de novo infinitamente vazio e a embarcação em silêncio. Os vigias em terra dizem haver outro ali perto, arrancamos e pouco depois lá está ele, denunciando-se num esguicho de água. “Olhem, está a preparar-se para fazer um mergulho em profundidade”, avisa Hugo Mendes, o biólogo a bordo. Isso significa que desta vez lançará a cauda aos céus, deslizando-a graciosamente sobre a linha de água. Ficaremos pouco tempo em São Miguel mas em compensação levaremos todos os postais ilustrados da ilha.

“Tiveram sorte, já não via um cachalote há meses”, admite Hugo Mendes. Apesar de residirem ali todo o ano, são uma espécie tímida, ao contrário dos golfinhos comuns que saltitam agora colados ao barco. Hugo, 33 anos, é biólogo marinho na Picos de Aventura desde o ano passado. Aos nove anos veio viver para os Açores com os pais, atrás da qualidade de vida que lhes fugia nas filas de trânsito em Odivelas. Hoje continua onde quer viver. “Estou extremamente feliz aqui”, conta.

A chegada de mais turistas não o assusta, nem teme pelo “paraíso” que ali encontrou e que foi considerado o destino mais verde do mundo no final do ano passado, conquistando a posição cimeira no Top 100 Global de Destinos Sustentáveis da Green Destinations. “Acarreta a grande responsabilidade de continuarmos a insistir neste turismo sustentável, mas no caso do whale whatching acho que temos das melhores leis mundiais a nível de conservação de cetáceos, por isso acho que estamos aptos a esse novo volume de visitantes”, defende. Na balança do optimismo pesam ainda a “excelente oportunidade” que representa “para o turismo e para a economia local” e a perspectiva de “maior animação e dinamismo”, com “novas introduções a nível de fusões culturais”.

Também Manuela Vieira, sexta geração da Cerâmica Vieira, fundada em 1862 na Lagoa, só vê vantagens na possível entrada de novos turistas no arquipélago. “Mais turismo significa mais dinheiro. Vamos todos respirar um bocadinho mais aliviados”, defende Manuela que, com o pai e uma das duas irmãs, gere a empresa familiar, que se anuncia como a “única fábrica de cerâmica vidrada nos Açores”. “Não vale a pena estarmos aqui a criar peças para não virem turistas comprar”, admite Lúcia, 35 anos, 19 deles passados a moldar as pastas que, depois de cozidas, vidradas e pintadas à mão, animam o museu e a loja que termina cada visita. Hoje são “boiões para sal ou pimenta”, indica, de olhos sempre atentos ao barro que vai trabalhando na roda de oleiro.

Apesar de o passeio pelas instalações ser gratuito — passando por todos os processos “para que as pessoas percebam como é que as peças chegam à prateleira” —, é sobretudo do turismo que a empresa vive, materializado nas vendas no final da visita. Por isso, é com “muito entusiasmo” que Manuela aguarda sobretudo a vinda de mais portugueses, os melhores clientes da casa. “Muitos sempre sonharam vir e agora [com a baixa de preços nos voos] já podem”, diz. Lúcia, por outro lado, aponta os aviões na direcção oposta. “Assim as pessoas já podem ir passear. Com os voos caros não conseguíamos sair daqui”, lembra. Além da liberalização parcial do mercado aéreo açoriano, a nova lei marca também um tecto máximo a pagar pelos residentes no arquipélago para uma viagem de ida e volta para o Porto ou Lisboa (134 euros). “Nunca fui [ao continente], agora talvez vá, tenho lá uma irmã”.

--%>