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    Na doca de Ponta Delgada João Silva
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    Gorreana, plantação de chá João Silva
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    Uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos João Silva
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    E, por fim, durante uma viagem de barco para observação de baleias, cachalotes ou golfinhos .. João Silva
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    Pôr-do-sol no Pico da Barrosa João Silva

Açores, verde esperança

Por Mara Gonçalves

Os céus do arquipélago abriram-se a novos voos com a chegada das 'low cost' a Ponta Delgada e São Miguel pulsa de esperança. Fomos correr os ex-líbris da maior ilha açoriana e medir o optimismo cauteloso que se vive.

“Está uma nuvem muito cerrada a cobrir a ilha toda, mas tanto está assim como desaparece a seguir. É por isso que somos uma ilha muito verde.” Da janela do avião já se vislumbra São Miguel e Teresa, 55 anos, ora segue levantada no corredor ora virada para a fila de trás, os olhos sempre colados a casa, guiando os amigos pelo cenário que se pinta naquele recanto a meio do Atlântico, os seus humores e pormenores. “O prédio mais alto que vêem ali em Ponta Delgada é o Solmar [o primeiro centro comercial da cidade].”

Teresa é natural da freguesia de Achada, no Nordeste da ilha, mas vive em Alverca “há 30 e tal anos”. Há mais de um ano que não vinha a casa. Hoje regressa para mostrar a ilha a uma família amiga. “Tinha prometido que quando viessem aos Açores vinha com eles para lhes mostrar tudo”, conta. “Há coisas tão bonitas que as pessoas geralmente não chegam a conhecer”, lamenta, enumerando alguns dos ex-líbris da região Este da ilha (o Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões, com os seus “moinhos e quedas de água”; o Nordeste, com os seus miradouros e floridos de hortênsias, azáleas e conteiras — “que chupávamos quando éramos pequenos porque era muito doce”; o Sanguinho e o Salto do Prego, na freguesia de Faial da Terra), regressando minutos depois para nos revelar mais dicas transbordadas de orgulho pela ilha-natal.

Infelizmente, as 48 horas que estaremos em São Miguel não chegarão para descobrirmos nenhuma das suas sugestões, mas acreditamos que a amiga, Maria Ausenda Soeiro, e a família não poderiam ter ficado em melhores mãos. O voo inaugural da easyJet para Ponta Delgada foi também uma estreia especial para esta septuagenária e para o marido, Álvaro, de 72 e 73 anos respectivamente: viajaram pela primeira vez de avião. “Foi espectacular, muito calmo”, descreve o casal natural de Lamego, a viver em Lisboa há mais de 50 anos. “Nunca tinha conseguido [andar de avião] porque tinha muito medo, mas os meus filhos pediram tanto”, conta Maria Ausenda, já no Aeroporto João Paulo II. Gostavam de “ir às ilhas todas”, “de barco”, mas a semana de férias ficar-se-á por São Miguel — a maior ilha do arquipélago e a principal porta de entrada nos Açores — com Teresa, os filhos, a nora e o genro.

No total, seguiam 172 passageiros a bordo do Airbus A320 da easyJet, que às 9h05 (mais uma hora em Portugal Continental) aterrava em Ponta Delgada, oficializando assim a liberalização das ligações aéreas entre os Açores e o continente. “Hoje concretiza-se aquilo que é a maior reforma de sempre ao nível das acessibilidades da região”, defenderia minutos depois o secretário regional do Turismo e dos Transportes dos Açores, Vítor Fraga, na pequena cerimónia de celebração no aeroporto, que ia recebendo quem chegava com cantares, danças e iguarias regionais.

A liberalização das rotas para Ponta Delgada (São Miguel) e Angra do Heroísmo (Terceira) marca o fim do monopólio TAP e SATA nas ligações ao continente e a entrada das companhias aéreas de baixo custo no arquipélago (para já apenas com ligações a São Miguel). A easyJet tem desde 29 de Março três voos semanais entre Lisboa e Ponta Delgada (mais um a partir de Junho), enquanto a Ryanair arrancou no início do mês com duas ligações diárias a Lisboa e uma ao Porto (e, a partir de hoje, um voo semanal Ponta Delgada-Londres). A TAP também reforçou a oferta para a maior ilha açoriana, passando a sete ligações semanais, enquanto a SATA diminui-a, apostando para já nos voos para a Terceira e assegurando em exclusivo as rotas não liberalizadas e sujeitas a obrigações de serviço público (Faial, Pico e Santa Maria).

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