Fugas - Viagens

  • Ana Maia
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Fundão, coração de cereja

Casa da Lagariça
Aviso. Não há “refeições ligeiras” no Fundão e arredores. Somos iludidos com falinhas mansas e pratos pequenos, mas, no final — da refeição — estamos sempre de papo para o ar, digestivo numa mão e uma apetecível ementa “ligeira” para o dia seguinte na outra. Na verdade, estivemos quase, quase a conseguir provar uma refeição ligeira. A Casa da Lagariça, Castelo Novo (com cerca de 100 habitantes), nem sequer é um restaurante. É uma loja de artesanato no Largo Petrus Guterri que colecciona artistas da Beira. Mas um simples telefonema (96 2607493) pode transformar um solarengo pátio de pedra num atelier de cozinha criativa — se tudo correr normalmente — com o chef Rui Cerveira, da Casa da Esquila, Casteleiro. Carpaccio de toucinho com limão e alho, empadas de porco, flor de sabugueiro frita, salada de favas com tiras de cenoura a enrolar nacos de farinheira, queijo amanteigado e broa triga e milha. Gaspacho de cereja antes. Papas de carolo (e cerejas) depois. E um digestivo, se faz favor! Amanhã é dia de não comer.

Hermínia
No Fundão, as cozinhas só aceitam avós. Se não é verdade, parece. Em 1946, a avó Hermínia ainda não era avó e este restaurante era só uma taberna. Aqui fica uma sugestão “ligeira” do restaurante Hermínia, com sabor a tachos e panelas das nossas avós. Entrada: espargos selvagens com ovos; cherovias. Pratos principais: aroz de carqueja com enchidos e medalhões com molho de cereja. Sobremesa: pudim de cereja e cerejas da Gardunha. Lembrem-me: amanhã é dia de não comer!

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