Fugas - Viagens

  • Lucas Jackson/Reuters
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Há vistas a estrear em Nova Iorque

A cidade, a pé

Caminhe-se. Um passeio pela zona Oeste de Manhattan, desde deste Battery Park, no extremo sul, até ao início do Central Park, mostra uma cidade em renovação. A reconstrução do World Trade Centre deu o impulso e transformou uma das zonas mais envelhecidas da ilha numa das mais rejuvenescidas. Jovens casais com crianças em parques, homens e mulheres a fazer jogging ou a andar de bicicleta, esplanadas cheias, campos de treino de basebol, uma marina desportiva… É Primavera, estão uns 27, 28 graus centígrados, há muita humidade. Parece impossível que há pouco mais de dois meses tudo estivesse coberto de neve, um manto de gelo, capa na margem do Hudson, mesmo ali, e que parecia nunca mais derreter. Nesse percurso, de sul para norte, ainda em Maio, apareceu uma paragem obrigatória. O novo Museu Whitney. Inaugurado no dia 1, o edifício é uma das atracções da cidade. Pela arquitectura e pelo que guarda. Projectado pelo arquitecto italiano Renzo Piano, substituíu as antigas instalações na Madison Avenue daquela que é maior colecção de arte americana.

Com três grandes terraços, de forma angulosa, feito em metal e vidro, reflecte a cidade e, do interior, confunde-se com ela pela transparência. A exposição de abertura, America is Hard to Know, é mais uma vez simbólica. Representativa do que é a arte americana e do modo como ela representa a essência da América, com Nova Iorque no centro. Nova Iorque vê-se e deixa-se ver dali. Ela é retratada, por Edward Hopper, por exemplo, com o seu Early Morning Sunday, pintura de 1930, sobre uma Sétima Avenida de que resta pouco.

Dali, da West Street com a Gansevoort, o panorama é outro. Estamos no Meatpacking District, um antigo bairro de talhantes e negociantes de carne junto a Chelsea e agora transformado num dos sítios mais estimulantes de Manhattan. Galerias, restaurantes, hotéis, mercados de comida, lojas de marcas exclusivas, o lugar onde termina o Highline, o jardim que nasceu numa via férrea desactivada entre a rua 34 e, justamente, Gansevoort Street, à porta do Whitney. É um jardim suspenso, uma espécie de passeio público com bancos, esplanadas, espreguiçadeiras, arbustos e plantas de muitas espécies, água. Um parque público inaugurado em 2011, nascido da vontade e teimosia de um grupo de moradores que conseguiram fundos para que um sítio abandonado fosse transformado num dos mais interessantes lugares do West Side, inserindo-se na malha urbana complexa onde se destacam dois hotéis, pela arquitectura e pela oferta. O Americano, desenhado pelo arquitecto Enrique Norten, na rua 27, e o The Standard Highline, em pleno Highline, uma torre com vistas, um terraço com piscina, biergarten, restaurante, ponto de encontro de alguns dos happy-few nova-iorquinos. Se ainda há lugares in em Manhtattan — e há — este West Side é um deles.

Não passaram muitos quilómetros desde que a caminhada começou. Meia hora em bom passo até Meatpacking, mais uns vinte minutos sobre o Highline e deparamo-nos com um preconceito chamado Midtown. Escritórios, serviços, lojas de bric-a-brac, a Penn Station, Times Square, Bryant Parque, a biblioteca Pública, a Grand Central, as Nações Unidas e o desfazer de uma dúvida: a comida de rua veio mudar a geografia da cidade. Toma conta de praças e passeios, corta ruas, disputa clientes com os restaurantes chineses, coreanos, japoneses, dinners. Os lunch trucks anunciam a sua localização diária em sites da cidade, anunciam comida de qualidade a preços competitivos, matos são vegan, quase todos se dizem organics a reflectir a nova obsessão nova-iorquina — ou americana —, a comida saudável. Tacos, carnitas, waffles, hambúrgueres, crepes, lagosta. Uma variedade enorme de paladares do mundo e quase sempre o selo biológico.

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