Fugas - Viagens

  • Lucas Jackson/Reuters
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Há vistas a estrear em Nova Iorque

Numa quinta-feira, ainda não são onze da manhã, e uma banda toca as últimas canções de um concerto para bebés no Madison Square Park, o mesmo sítio onde Teresita Fernandez inaugura Fata Morgana, um espelho suspenso, escultura horizontal que reflecte os passos e se reflecte em sombras, confundindo-se com as árvores, criando uma dimensão intermédia, espécie de miragem. Primavera e Verão são nos parques e nos terraços. As piscinas e o lado privado dos segundos rivalizam com a miscelânea dos primeiros, que apresentam uma programação específica para esta altura do ano. Festivais de música, espectáculos de teatro, feiras do livro complementam as propostas das salas de espectáculos. Aqui, atenção ao BAM. A Brooklyn Academy of Music é a sala mais concorrida actualmente. Música, teatro, dança, cinema, performance, conversas acontecem naquela sala de Brooklyn. Destaque para a mostra de cinema independente que acontece este mês de Junho, de 17 a 28.

Num jardim distante, na cidade de Long Island, em Queens, quatro artistas, entre eles a portuguesa Gabriela Albergaria — há três a anos a viver em Brooklyn — inauguram quatro esculturas no Socrates Park, à beira do East River. Two Trees in Balance, o nome da escultura de Albergaria, coloca duas árvores separadas por um muro de betão e pretende falar do momento em que natureza e construção se interceptam. The Living Piramide, de Agnes Denes, destaca-se. Uma imensa pirâmide de canteiros plantados no verde a contrastar com os edifícios do outro lado do rio.

Até lá chegar foi uma hora de metro desde o World Trade Center, a mudar de linha uma vez num domingo tranquilo. O resto do percurso fez-se a pé. Por oficinas abandonadas. Lojas de conveniência, restaurantes baratos, mais prédios novos de habitação para classe média, livrarias, mais restaurantes para servir quem chega. Há poucos turistas. Entre os locais, há brasileiros, gregos, turcos, haitianos, italianos, japoneses, coreanos, mexicanos, uma imensa massa de culturas que se reflecte na oferta de restaurantes e nas mercearias de bairro, prontas a servir todos os paladares. Queens tornou-se obrigatória no roteiro artístico — com a abertura do PS1, uma extensão do MoMA — e pela oferta gastronómica. Num fim de tarde de sábado, a escritora americana de origem haitiana, Roxane Gay, faz uma leitura do seu romance na Livraria Astoria. Há muito público a reflectir a diversidade cultural. Combinam-se jantares diante de uma oferta capaz de representar o mundo. E para ter o mundo a partir de Manhattan ou Brooklyn basta apanhar o 7, a linha de metro que leva até Jackson Heights, Sunnyside, Corona Plaza. Depois é escolher. Taquerias, kebab, tascas romenas, tailandês, parrillada argentina, indiano e o New World Food Court, com pratos de todo o sudeste asiático.

Faz-se um recuo. Deixa-se a proximidade para voltar a olhar a cidade à distância, outra vez desde o topo do One World Observatory, apresentada como a última grande novidade, ou atracção, em Nova Iorque. Não é possível abarcar tudo. Nunca é. Em Nova Iorque é menos ainda.   

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