Fugas - Viagens

  • Com a escultura
    Com a escultura "Elogio del Horizonte" como foco Arnaud Späni
  • Gijón e Picos da Europa
    Gijón e Picos da Europa DR
  • Cuesta’l Cholo - Cimavilla
    Cuesta’l Cholo - Cimavilla Benedicto Santos
  • Palacio de Revillagigedo, Plaza del Marqués
    Palacio de Revillagigedo, Plaza del Marqués Benedicto Santos
  • Festival da Sidra Natural
    Festival da Sidra Natural DR
  • Sidrería
    Sidrería Arnaud Spani
  • Cimavilla
    Cimavilla DR
  • Porto Desportivo
    Porto Desportivo Víctor Suárez
  • Igreja de San Pedro
    Igreja de San Pedro DR
  • Praia-de-Ñora
    Praia-de-Ñora DR
  • Playa-de-Serín
    Playa-de-Serín DR
  • Vista aérea da cidade
    Vista aérea da cidade Roberto Tolín

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Astúrias: Gijón, um "rinconín" à beira do Cantábrico

Ditam as “regras” que o braço que segura a garrafa de vidro deve estar esticado acima da cabeça, o copo largo na outra mão, lá em baixo, ao centro do corpo, e de forma a que o líquido bata na parede do copo ao entrar. O processo, dizem, terá começado a ser utilizado para tirar os maus odores da sidra (quando a produção era arcaica e o controlo da qualidade deficiente), hoje para intensificar aromas e sabores e despertar o gás. “Não é uma bebida muito aromática, como o vinho, por isso é que se deve beber depressa”, indica Jose Luis. No copo, apenas um culín no fundo, bebido de um trago. “Tradicionalmente deixa-se um pouco no final, que é derramado no chão. Uns fazem-no para devolver à terra o que ela nos deu, outros para limpar o copo, pois normalmente é partilhado entre o grupo”, conta Miguel Villar.

Uma vez na zona rural, há que terminar o passeio num merendero – restaurantes situados à beira da estrada com uma zona de mesas ao ar livre – e provar a típica fabada asturiana, feita com um tipo de feijão branco e enchidos. À beira-mar plantada, é terra de peixe e marisco, mas também de fabada, chuletón, cachopo (semelhante a cordon bleu) e muito queijo. “Existem 47 queijos diferentes nas Astúrias”, afirma Miguel, garantindo ser “a maior concentração da Europa”. Os mais conhecidos o cacín, o afuega’l pitu e o cabrales. Desta vez ficamo-nos por uma fabada, dose familiar para um. “Vão sempre pôr-te mais comida do que aquela que consegues comer e se comeres tudo trazem mais.”

Natureza e praias desertas

Para desmoer a refeição, nada como uma caminhada junto ao mar, ainda no seio da natureza. Existem vários percursos pedestres assinalados por Gijón, nós seguimos pela Senda del Cervigón, cerca de nove quilómetros pela costa, desde o final da praia de San Lorenzo até à Playa de La Ñora, no limite do concelho. Fizemos várias batotas no caminho, confessamos, que o tempo não dá para tudo (e, para quem não aprecia subidas bastante íngremes, até aconselhamos que os 5km do trajecto até ao Parque del Cabo de San Lorenzo sejam percorridos de transporte).

Este troço do percurso é acompanhado por várias esculturas (entre elas, “Madre del Emigrante”, a “lloca del rinconín” da cantilena jocosa), terminando no miradouro de La Providencia, onde um corredor de escadas sobem ao vazio do céu para dar a melhor vista sobre a cidade. A partir daqui é natureza pura, de costa verdejante, falésias de pedra cinzenta e praias selvagens, o cheiro a eucalipto quase sempre presente.

Caminhamos até ao final da Playa de Serín, depois de carro até à praia de Estaño e ao miradouro de La Ñora, uma varanda cénica sobre os penhascos que o esforço para lá chegar (e voltar) a torna mais bela. Dezenas e dezenas de degraus pela encosta, que um homem na casa dos 60 sobe a correr no seu jogging diário. “Buenas tardes”, sem pausa nem perda de fôlego. Até parece fácil. “Dizemos que é o paseo de los jubilados”, sorri Miguel. Veremos sempre muitos reformados, a correr ou a passear pela costa, na praia ou nos jardins. Chegamos ao miradouro, os olhos mergulhados no azul, branco e verde. Aqui termina Gijón. No outro lado da pequena enseada, com areia que entra terra dentro pelo leito do rio, já é Villaviciosa.

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