Fugas - Viagens

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Como Londres está a mudar, Sua Majestade

Nas minhas costas, o County Hall, com a sua torre esverdeada e uma existência que não tarda a completar cem anos, uma obra assinada pelo então jovem arquitecto Ralph Knott e destinada a acolher o London County Council. Desenhado em estilo barroco eduardiano e com uma fachada em pedra de Portland, o edifício foi inaugurado em 1922 pelo rei Jorge V mas desde finais do século passado que deixou de ter qualquer ligação à política da cidade para se transformar num espaço turístico que atrai de milhões de visitantes por ano. Entre as atracções, o London Sea Life Aquarium, dividido por três andares e 14 zonas temáticas, a casa adoptiva de mais de 500 espécies de peixe de todo o mundo que parecem felizes por serem observados e por disporem de liberdade de movimentos em tanques com grande profundidade e com capacidade para dois milhões de litros de água. O antigo County Hall recebe também, além de espaços dedicados ao entretenimento de famílias, a hotéis, restaurantes e bares, o London Film Museum, com uma amostra de adereços, roupas e cenários de alguns filmes que se tornaram, nos últimos anos, sucessos de bilheteira.

Quando o chá, essa verdadeira instituição londrina que rivaliza com o nevoeiro e os dias cinzentos, desaparece da minha chávena, mesmo bebido de uma forma pausada, sinto que chegou a altura de abandonar este turbilhão e de buscar alguma quietude.

Em algumas partes do percurso, apenas um ou outro ciclista se cruza no meu caminho; para a esquerda, estendendo-se por cima do Tamisa, avisto as Queen’s Golden Jubilee Footbridges, inauguradas em 2002 por ocasião das celebrações dos 50 anos da ascensão da rainha ao poder. Neste mesmo lugar, tão propício a panorâmicas sobre a cidade, existe uma ponte suspensa pedonal desde 1845, desenhada por Isambard Kingdom Brunel e conhecida como Hungerford Bridge por ligar a margem sul do rio ao antigo mercado, encerrado em 1860 para dar passagem para a estação ferroviária de Charing Cross. Nos dias de hoje, os comboios continuam a circular ao longo da ponte original e as outras duas, ladeando a antiga e assentes nos pilares concebidos por aquele que é considerado uma das figuras mais proeminentes da história da engenharia civil e mecânica do século XIX, estão reservadas a peões.

Atravesso, por um lado, para norte e, pelo outro, regresso ao sul. Em poucos minutos, Londres volta a provar a sua capacidade para se reinventar — o Southbank Centre é um entre muitos exemplos dessa dinâmica de constante renascimento. A oferta é para todos os gostos e poucas cidades no mundo se poderão orgulhar de tamanha densidade artística: é o Royal Festival Hall, o Queen Elizabeth Hall, o Purcell Room, a Hayward Gallery (inaugurada pela rainha em 1968) e a Poetry Library (no 5.º andar do Royal Festival Hall), espaços que acolhem mais de mil músicos e artistas ao longo do ano, com programas (muitos deles gratuitos) que incluem dança, literatura, artes visuais e música. O Royal Festival Hall, construído para o festival britânico de 1951, é a estrutura mais impressiva deste complexo artístico, com uma sala de concertos com capacidade para 2900 pessoas projectada para ser uma representação visual do som de uma forma abstracta.

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