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Silêncio, nestas cidades fala-se de música

De Leo Brouwer, compositor cubano nascido em Havana, já quase todos ouvimos falar desde a segunda metade do século XX, mas outros nomes passaram a ser escutados a nível internacional em anos mais recentes, como Pablo Milanés, Noel Incola e Silvio Rodríguez, o trio de cantautores da nova trova, os Irakere e Los Van Van, uma banda fundada em finais da década de 1960 por Juan Fornell e a quem se credita a autoria do songo, um género musical com raízes no tradicional son.

Aprendimos a quererte
Desde la histórica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara

Foi Wim Wenders quem prestou, nos últimos anos, o maior contributo para a internacionalização e vitalidade da música cubana, com a chegada às salas de cinema de Buena Vista Social Club, dando a conhecer ao mundo a banda homónima, formada por um grupo de anciãos intimamente ligado ao son, um mosaico de vozes, de percussão, de guitarras, uma multiplicidade de ritmos e um reportório que tanto faz sonhar e meditar, com as suas canções de amor e as suas baladas que falam da vida e do sentido desta, como agitar os corpos ao som de uma salsa irresistível para os cubanos. 

Compay Segundo, nome artístico de Francisco Repilado, falecido em 2003 com 95 anos, tornou-se o sonero mais célebre do país, um símbolo nacional que aliava a paixão pela música ao humor e à alegria de viver. «Nunca renunciei a nada, a mulheres, a cigarros e a diversão. Mas sem me exceder», admitiu, há uns anos, numa entrevista, quando lhe perguntaram qual era o segredo para a sua vitalidade.

Embora desaparecido, tal como Celia Cruz, Compay Segundo e a sua música são como muitos dos beijos que se trocam no Malecón ao fim da tarde, quando o sol começa a banhar de tons dourados alguns dos mais belos edifícios de Havana – eternos. O son sente-se órfão de uma lenda mas o son continua a escutar-se um pouco por todo o lado na capital em tempo de mudança política histórica. Às quintas e sextas, a Casa de la Cultura, na Avenida Salvador Allende, 720, acolhe algumas das melhores bandas desse estilo musical e quem preferir ouvir ou dançar ao som da salsa – uma agradável mistura de ritmos cubanos, como o son, o mambo e a rumba, com outros porto-riquenhos, como o jibaro e a plena, ou colombianos (cumbia) e dominicanos (merengue) –, também não terá dificuldade em encontrar espaços em Havana, entre eles o Salón Rosado Beny Moré, na Avenida 41, esquina com a 46, ou a Casa de la Música, no bairro de Miramar, na calle 20, esquina com a 35.  

Com origem na parte oriental da ilha e uma existência de mais de um século, o folk urbano tocado por músicos fiéis a Santiago de Cuba e que resultou na trova (nos anos 1970 transforma-se na nova trova muito por culpa de Sílvio Rodríguez e Pablo Milanés) também se pode ouvir em Havana, na Casa de la Trova de Centro Habana, na calle San Lázaro, entre a calle Padre Varela e Gervasio, ou, caso visite Santiago, na Casa de la Trova, na calle Heredia, no centro da cidade – a urbe é também famosa pelo Festival del Caribe, no início de Julho, reunindo orquestras e intérpretes famosos do son e da trova.

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