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Silêncio, nestas cidades fala-se de música

Já nos últimos dois anos, o município desenvolveu um projecto para incluir a música e as artes nos programas básicos de educação – e, actualmente, são mais de 20 mil as crianças abrangidas por esta iniciativa nas escolas públicas.

NOVA ORLEÃES
Qualquer cidadão, em Nova Orleães, sente orgulho por poder afirmar que, enquanto no resto do país, em finais do século XIX, as marchas militares eram a nota dominante, nesta cidade eternamente desperta dançava-se os ritmos do Voodoo. Mas esse não é o único motivo de orgulho: Nova Orleães, ao contrário de todas as outras urbes do Novo Mundo, sempre permitiu que os escravos se fizessem acompanhar dos seus instrumentos de percussão e tolerava os rituais do voodoo, presenciados por brancos e negros, pobres e ricos, figuras proeminentes ou simples anónimos.

A música africana, juntamente com a música escutada nas igrejas e em bares, deu origem a novos sons; de repente todos dançavam na rua, festejando a vida, festejando o nascimento da música, ninguém tocava, em todo o país, como se tocava em Nova Orleães, uma cidade multicultural – e ainda hoje poucos são os que resistem a participar num desfile ou em qualquer evento musical porque celebrar faz parte da identidade dos locais.

Nova Orleães é o berço do jazz mas a data do nascimento permanece incerta. Há quem aponte o ano de 1895, quando Buddy Bolden formou a sua primeira banda; há quem recue menos no tempo, até 1917, quando Nick LaRocca e a sua Original Dixieland Jazz Band editaram o primeiro disco de jazz, Livery Stable Blues; há quem chegue a 1847, recordando que os primeiros ritmos africanos misturados com música europeia foram escutados em La Bamboula-Danse Negre, da autoria de Louis Moreau Gottschalk, filho de um médico judeu que deixou a Inglaterra para se instalar em Nova Orleães; finalmente, há quem defenda que o “nascimento” se deve creditar a Papa Jack Laine e à sua banda, Reliance Brass Band, alegando que este irlandês era o homem que terá dado as primeiras lições musicais a brancos, negros e crioulos.

Mais fácil é obter consenso quanto ao mais famoso de todos, Louis Armstrong, que escreveu na sua autobiografia: “A primeira grande orquestra de jazz foi formada em Nova Orleães por um trompetista chamado Dominic James LaRocca. Chamavam-lhe Nick LaRocca.”

Fosse quem fosse, Nova Orleães é a cidade do jazz mas também uma cidade que acolhe todo o tipo de música e de manifestações culturais.

O New Orleans Jazz & Heritage Festival, entre finais de Abril e início de Maio, é um dos mais concorridos festivais mas Nova Orleães organiza eventos quase todos os fins de semana ao longo do ano. Entre Março e Maio, por exemplo, acontece o Wednesday at the Square, com tardes de música, comida e diversão na Praça Lafayette; também em Março, o Buku Festival, com actuações ao vivo em quatro diferentes palcos (e distintos estilos musicais); ainda no mesmo mês, tem lugar o vibrante Congo Square New Worlds Rhythm Festival, um regresso ao passado através da música e da dança com forte inspiração nos escravos, no início do século XIX; já em Abril, mais dois festivais, o Freret Street e o French Quarter e não muito longe deste último, no Louis Armstrong Park, todas as tarde, às quintas-feiras, entre meados de Abril e meados de Junho, são organizados concertos ao ar-livre, com entrada livre.

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