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Miradouros: Forte de Paimogo

Por Margarida Paes

Para chegar ao Forte de Paimogo atravessam-se terrenos ondulados, cobertos da boa agricultura do Oeste. A estrada corre sempre pelo cume das colinas, acompanhada das casas e assentos de lavoura.

Ao longe vai-se sentindo o mar até chegarmos perto do forte, onde todo o mar se descobre de Peniche até à Berlenga num azul brilhante que se move em vagas lentas até à costa.

Feito com os poucos meios que restaram depois da longa luta para a independência de Portugal, em 1640, a construção do Forte de Paimogo é pequena — mas a vista compensa bem e vêem-se os promontórios da costa sul desde muito longe, intervalados por penumbra e cada vez mais escuros quando o olhar se aproxima da praia de Pai Mogo, lá em baixo. A arriba castanha e friável é uma arriba viva e vai-se desfazendo na praia quando as chuvadas arrastam os pedaços de lajes inclinadas que entremeiam os materiais mais arenosos. Caem em paralelepípedos negros e, como instalações esculturais feitas em câmara lenta, passam a fazer parte da praia e vão-se cobrindo de limos e algas verdes.

Nestas colinas que terminam na encosta foram sendo encontrados os ossos de dinossauros fossilizados e a descoberta mais recente (1993) foi o ninho de ovos de dinossauros que celebrizou já, pela sua raridade, o museu da Lourinhã, onde se encontra exposta uma réplica deste vestígio do Jurássico.

A pequena praia e a arriba que ali se abateu para deixar sair para o mar uma diminuta linha de água é a razão da construção do forte para defesa da costa pois, ao contrário de toda aquela zona, em que as encostas caem verticais sobre a praia, por esta abertura era possível às forças inimigas entrar no território. Mais tarde foi utilizada pelas tropas do general Wellington que desembarcaram na praia e subiram até ao cimo da encosta para marchar em auxílio das tropas luso-inglesas que combatiam na batalha da Roliça no interior, não muito longe da costa.

Sendo uma entrada estratégica, a praia de Paimogo precisava de ser defendida e o forte foi então construído em 1674 por ordem do Marquês de Marialva, grande general das guerras da restauração da nacionalidade, com vista a defender este ponto da costa. Chegando à entrada norte do Forte, em curtas linhas talhadas na pedra que encima o portão de entrada, a história do Marquês de Marialva — mais do que a história do Forte — é-nos então contada, e nela se faz referência ao Príncipe D. Pedro, segundo filho de D. João IV, como sendo quem o encomendou.

O forte foi recentemente restaurado e do terraço lajeado o horizonte é recortado pelas guaritas cilíndricas. “É um exemplar quase único de fortificação posterior à Restauração sem alterações arquitectónicas... Situando-se no limiar do barroco, constitui um valioso exemplar de arquitectura militar do século XVII do abaluartado, chamado ‘obra corna’.” Uma parte da arriba onde assenta o forte é virada a sul e é essa peculiaridade que faz deste ponto e deste forte um miradouro de excepção e uma marca arquitetónica de grande qualidade na paisagem.

Miradouros: Forte de Paimogo
39º 17’ 14,16’’N, 09º 20’ 25,74’’W
Lourinhã             
Visitável

Miradouros de Portugal
São 20 os miradouros destacados nesta série que vão levar o leitor a visitar, em Portugal continental, um “lugar elevado de onde se avista um horizonte largo”. São o nosso património das vistas: 
1. Penedo Durão
2. Nossa Sr.ª da Saúde
3. Forte de Almeida
4. Fragão do Corvo
5. Covão da Ametade 
6. Castelo de Montemor-o-Velho
7. Miradouro da Bandeira
8. São Pedro de Moel
9. Sítio da Nazaré
10. Pedreira do Galinha
11. Outeiro de São Pedro
12. Forte de Paimogo
13. Ponta dos Corvos 
14. Cabo Espichel
15. Castelo de Marvão
16. Forte de Nossa Senhora da Graça
17. Cromeleques dos Almendres
18. Cabo Sardão
19. Cabo de São Vicente
20. Cacela Velha

Pela Equipa ACB Paisagem  

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