Fugas - Viagens

  • Miguel Manso
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De onde vêm todas as tulipas?

Daí a pouco, os funcionários, de coletes de segurança verdes e conduzindo pequenos veículos eléctricos laranja, encaixam nestes as paletes de flores e seguem por uma das estradas. Visto de cima parece cada vez mais um jogo de computador com formigas atarefadíssimas mas cumpridoras das regras, que nunca chocam e quando necessário param, educadamente, para deixar a outra passar.

Um leve cheiro adocicado, a flores, começa a invadir o ar. São já 7h30.

Ainda menos romântico é o cenário que encontramos a meio do nosso percurso: uma das duas grandes salas de leilão de Aalsmeer. Algumas centenas de homens estão sentados em frente a computadores e agarrados a canecas de café, que vão reabastecendo regularmente na cafetaria ao lado, enquanto licitam, através do sistema de leilão decrescente (um relógio que começa no preço mais alto e vai descendo até alguém licitar), as flores que vão depois ser vendidas para todo o mundo.

Mas não devemos minimizar o que aqui se passa: pela FloraHolland passam 9,6 milhões de euros por dia, o que representa 4,4 mil milhões por ano. Vendem-se 20 mil variedades diferentes de flores a um ritmo diário de 34,5 milhões — a rainha da popularidade (e o Dia dos Namorados ajuda a isso) é a rosa (3,7 mil milhões vendidas aqui anualmente), seguida pela tulipa (1,7 mil milhões). Quem mais importa flores? Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Rússia. E quem mais produz para exportar? Quénia, Etiópia, Israel, Bélgica e Alemanha.

A “tulipomania” do século XVII

Há muito tempo que a Holanda centralizou o comércio mundial de flores e há mais de um século que usa o sistema do relógio decrescente. Mas muita coisa foi mudando. Se antigamente os produtores holandeses traziam as flores até ao lugar do leilão em barcos que percorriam os canais de Amesterdão, hoje elas chegam (e de partes distantes do mundo) em camiões e passado algumas horas voltam a deixar Aalsmeer em camiões — o transporte em aviões é mais raro, porque encarece o preço das flores, por isso é usado sobretudo para os Estados Unidos e o Japão.

Hoje a vida do FloraHolland continua a transformar-se. Apesar de o negócio se manter activo, há cada vez mais compradores a licitar através da Internet, pelo que crescem os receios de que um dia as grandes salas de leilão (para além de Aalsmeer existem outras duas na Holanda) desapareçam. Mas para já ninguém quer falar nisso.

As flores sempre fizeram parte da vida — e dos negócios — dos holandeses. E não existe flor cuja imagem esteja mais ligada à Holanda do que a tulipa. Houve até uma época de loucura generalizada que ficou conhecida como a “tulipomania” e foi, provavelmente, uma das primeiras bolhas especulativas da História. Mas para a conhecer temos que recuar ao início da história, no século XVI.

A tulipa é originária da Turquia e da Ásia Central. Apesar de também muito bela, na sua versão selvagem é bastante menos espampanante que as tulipas trabalhadas pelos horticultores que hoje conhecemos. Mesmo assim, e antes de fascinar os holandeses, fascinava os próprios turcos. Estes tinham leis rigorosas proibindo o cultivo e a venda, mantendo-as assim exclusivas do sultão e dos que lhe eram próximos e organizavam festas em noites de lua cheia em que os jardins se enchiam de vasos com as mais extraordinárias tulipas enquanto, em pequenas gaiolas, rouxinóis cantavam.

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