Fugas - Viagens

  • Miguel Manso
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De onde vêm todas as tulipas?

A exótica flor terá chegado à Europa, mais concretamente a Viena, em 1554, pelas mãos de um embaixador do imperador romano junto do sultão otomano. De Viena rapidamente viajou até Amesterdão e conquistou os holandeses, que nunca tinham visto flores com cores tão intensas.

Era o tempo em que os Países Baixos começavam a entrar na chamada Idade de Ouro e muitos holandeses enriqueciam a grande velocidade graças ao comércio feito através da Companhia Holandesa das Índias Orientais. A tulipa, por ser rara e extraordinariamente bela, tornou-se um símbolo de estatuto e fortuna.

O que ninguém imaginava era até onde iria a loucura. Embora hoje se levantem algumas dúvidas sobre os relatos históricos que dão conta do valor astronómico que atingiram os bolbos de tulipa, ninguém contesta que surgiu uma bolha especulativa nunca antes vista. O principal relato da “tulipomania” foi feito em 1841 pelo jornalista britânico Charles MacKay, que escreveu sobre o assunto o livro Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds (Extraordinárias Ilusões Populares e a Loucura das Multidões).

O mais extraordinário é que as tulipas mais ambicionadas eram as que tinham sido atingidas por um vírus que lhes dava um aspecto ainda mais exótico, flamejante — eram as chamadas “quebradas”, muito difíceis de se obter porque a própria doença as tornava mais frágeis e morriam facilmente.

Como o que se vendia eram os bolbos (e sempre no mercado paralelo, não na Bolsa), os compradores nunca sabiam que tipo de tulipa ia realmente nascer e, para aceitar o preço pedido, tinham que confiar na palavra do vendedor. Diz-se que havia bolbos que chegavam a mudar de mãos dez vezes num dia — com o valor sempre a subir, naturalmente.

A mais desejada

A mais desejada de todas as tulipas era a Semper Augustus — branca e vermelha escura, parecia incendiada por uma luz interior. Por ela havia quem estivesse disposto a pagar uma soma tão elevada que, para oferecer um termo de comparação, o que se pode dizer é que era o dobro do que alguns anos mais tarde Rembrandt recebeu para pintar o famosíssimo quadro The Night Watch.

E, conta a revista The Economist no artigo “A tulipomania foi irracional”, que um marinheiro foi mandado para a prisão por ter comido o que ele pensava ser uma cebola e que era na realidade um bolbo de tulipa — ou seja, o equivalente ao custo da alimentação de toda a tripulação do barco durante um ano.

Em 1636-37 a “tulipomania” tinha atingido o auge. Um bolbo de tulipa podia custar o mesmo que uma casa num dos canais de Amesterdão. Faziam-se fortunas e perdiam-se fortunas de um dia para o outro. Até que, subitamente, em Fevereiro de 1637, os preços caíram a pique e as transacções pararam.

Ainda hoje os historiadores têm alguma dificuldade em perceber o que fez rebentar a bolha, embora alguns admitam que um surto de peste poderá ajudar à explicação do fenómeno, já que nos anos anteriores os apelos de padres, e até as tentativas de legislar este mercado, tinham-se revelado inúteis. O que parece certo é que houve uma tomada de consciência colectiva de que as coisas tinham atingido o absurdo.

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