Fugas - Viagens

  • Miguel Manso
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De onde vêm todas as tulipas?

A febre passou, mas a paixão dos holandeses por tulipas não desapareceu. Actualmente, a Holanda comercializa perto de três mil milhões de bolbos de tulipas por ano — segundo o livro The Tulip Wild and Tempting, do Hortus Botanicus de Amesterdão, são flores suficientes para, num colar, dar mais de duas voltas completas ao planeta.

E talvez uma delas esteja amanhã em cima de uma mesa de um jantar romântico algures em Portugal, acabada de chegar — quem sabe? — de uma longa viagem desde Aalsmeer, onde um comprador ensonado a licitou com um click rápido para fazer parar o relógio na parede, por entre dois golos na sua caneca de café.

Jardins escondidos e uma promessa de flores na Primavera

As casas dos canais de Amesterdão escondem jardins que num fim-de-semana de Junho vão abrir-se a quem os queira visitar. Antes disso, em Abril, espera-se que um mar de tulipas nasça pela cidade.

Tonko Grever sobe agilmente os degraus laterais e toca à porta da casa. Um homem surge do interior e abre a porta, convidando-nos a entrar. O hall está na penumbra mas quando alcançamos a base da grande escadaria a luz já ilumina a casa, deixando perceber a sua grandiosidade. Mas estamos aqui com um propósito muito concreto, por isso o proprietário guia-nos até ao andar de baixo e à saída para o exterior, para o jardim.

Grever, que nos acompanha, é o director do Museu Van Loon, uma das casas históricas dos canais de Amesterdão, mas é também o organizador dos Open Garden Days, que todos os anos, em Junho, permitem aos habitantes da cidade e aos turistas descobrir os maravilhosos jardins quase secretos que se escondem por detrás destas mansões nos canais.

A casa que visitamos é privada e é por generosidade que os proprietários acedem a abri-la durante os três dias de Junho, recebendo no seu jardim quem quiser visitá-lo. A iniciativa existe há já 30 anos, mas desde há 12 quem a coordena é o Museu Van Loon — são ao todo 30 jardins situados a pouca distância uns dos outros. “Estes jardins fazem parte do património reconhecido pela UNESCO”, explica Tonko Grever. “O que está protegido é um conjunto urbano que inclui os canais, as casas, mas também estes jardins interiores, que separam a casa principal das cocheiras.”

Antigamente, as carruagens saíam das cocheiras, davam a volta pela rua de trás e vinham até ao canal para transportar os proprietários das casas acabados de chegar de barco. O que tornou possível preservar esta estrutura e impediu que no espaço dos jardins surgissem piscinas ou arrecadações foi, explica o director do museu, uma lei que vem do século XVII e que proíbe alterações.

Por isso, se for vista do ar, Amesterdão é uma cidade muito mais verde do que se imagina. E os Open Garden Days oferecem a oportunidade de conhecer jardins muito diferentes. Se o do nosso primeiro anfitrião é um jardim clássico, não muito longe dali visitamos outro completamente distinto: o do Museu dos Canais, outra casa histórica, que é um jardim moderno, desenhado pelo arquitecto paisagista holandês Michael Van Gessel, com uma estrutura geométrica que reproduz precisamente, visto de cima, um quarteirão de Amesterdão.

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