Plantar 800 mil tulipas
Há poucos anos houve uma tentativa para juntar os Open Garden Days com o Tulp Festival, uma iniciativa de Saskia Albrecht que pretende fazer renascer as tulipas nos jardins de Amesterdão. Acontece que no primeiro ano, por causa do clima, as tulipas nasceram demasiado tarde e no ano seguinte surgiram demasiado cedo. Percebendo que não podiam controlar as tulipas, Tonko e Saskia decidiram separar os dois eventos.
Assim, o Tulp Festival acontece durante todo o mês de Abril e tem a participação de dezenas de instituições de Amesterdão, entre as quais o Rijksmuseum, que plantou 2000 tulipas no seu jardim. O objectivo do festival é conseguir que se plante uma tulipa por cada habitante da cidade — ou seja, 800 mil (no ano passado foram plantadas 500 mil). Saskia teve esta ideia porque constatou que, apesar de toda a relação dos holandeses com as tulipas, estas tinham vindo a desaparecer tanto dos espaços públicos como dos jardins privados.
“As tulipas não crescem ano após ano como os narcisos, têm que ser plantadas”, explica. “Portanto é por razões económicas que não são plantadas nos jardins e espaços públicos.” Para o seu projecto, diz, os municípios têm-se revelado mais renitentes, mas foi fácil encontrar parceiros nos museus e outras instituições. “Há um desejo de dar o nome a uma nova tulipa. Hotéis e museus adoram ter a sua própria tulipa, mas só se elas tiverem um bom ADN é que vão sobreviver. Caso contrário, desaparecem sem nunca terem sido conhecidas.” Saskia assume que com este festival quer “criar uma nova “tulipomania”, mas sem os efeitos desastrosos da anterior” (ver texto nestas páginas).
Curiosamente, as primeiras tulipas cultivadas na Holanda nasceram no horto de Leiden. Mas, explica Barbara van Amelsfort, do Hortus Botanicus de Amesterdão, os jardins botânicos são lugares que preservam as espécies selvagens — e é isso que encontramos aqui, neste espaço criado em 1638 e que é um dos hortos mais antigos da Europa, desde o jardim original de plantas para fins medicinais (hoje são mais utilizadas na cozinha) até às estufas onde são recriados ambientes que vão do deserto aos trópicos. “A tulipa não é uma planta botânica, é feita pelo homem”, sublinha.
Mas, apesar da sua vocação, nem mesmo o jardim botânico consegue escapar à loucura das tulipas em Amesterdão. Por isso, continua a responsável, na altura em que elas nascem, também no horto podem ver-se tulipas. Com a diferença que aqui são apresentadas 40 espécies diferentes e com um objectivo: mostrar a evolução da tulipa desde a planta selvagem e bem mais discreta que nasce na Ásia Central até às mais sofisticadas tulipas criadas pela mão humana.
Mas para ver todas estas tulipas será preciso esperar até Abril. Por enquanto, elas não passam de pequenos bolbos escondidos na terra, promessas adiadas de uma Primavera florida.
Um hotel com mordomo privado e uma tulipa única
O The Grand Amsterdam já tem uma história de fazer inveja a muitos hotéis mas queria ter também a sua própria tulipa. “Demorou vários anos a desenvolver porque tinha que ser única”, justifica, com entusiasmo, a responsável de marketing, Nynke van der Berg. “Em Novembro os bolbos são plantados e em Março nascem as tulipas, de um laranja vibrante.”