Por agora, vamos em volta tirar as medidas a este Paradee, um resort com 40 villas que se espalham pela frente de praia e pelos jardins luxuriantes onde contamos espécies que vão dos jacarandás às helicónias — e mais não sabemos nomear. A mais impressionante de todas é, claro, a Suite Villa, mas a nossa, uma Garden Villa, mais do que dá para os gastos: no exterior, um alpendre com mesa e duas espreguiçadeiras com vista para a piscina que partilhamos com os vizinhos do 305; dentro de portas, uma sala com um sofá encostado à janela e uma cadeira de vime tailandês.
O quarto é enorme e domina-o o tecto alto de madeira de teca, à volta da cama uma rede mosquiteira absolutamente essencial (o clima é propício aos insectos e outra sorte de bichos…). A casa de banho merece nota: a banheira, de tamanho XL, lembra o ambiente de um hamman, mas é o chuveiro ao ar livre que mais se destaca. Ainda em Rayong, quando esperávamos pelo barco que nos levaria à ilha, pudemos escolher, nos escritórios do grupo Samed Resorts, as fragrâncias que queríamos no quarto: pedimos ambientador de lavanda e sabonetes de chocolate negro, e cá estão eles.
São detalhes como este que fazem a diferença num hotel, nota, durante a conversa que mantemos na biblioteca, o director do Paradee, Pornthep Hantrakarnpong, ele que faz questão de escrever, à mão, uma carta de boas-vindas e de despedida a cada hóspede. “Dear khun [senhora] Sandra, my warm welcome to Paradee…”
Há outros pormenores que Pornthep não deixa ao acaso: sempre que pode, está na praia a receber os clientes que chegam. Ele e outros elementos do staff, entre os quais o pessoal da cozinha, das relações públicas ou da limpeza. Quando chegámos, ainda do barco vimos umas dez pessoas alinhadas no areal com sorrisos rasgados. E quando o cais improvisado, puxado por um tractor, entrava na água para nos permitir a saída, já ouvíamos sawaddee ka, o cumprimento mais usado na Tailândia, num coro bem afinado. “Os negócios correm melhor se os hóspedes estiverem satisfeitos”, diz Pornthep que, aos 68 anos, já acumulou experiência em vários hotéis de renome, na Tailândia e fora dela.
Nascido em Banguecoque, estudou Belas-Artes nos Estados Unidos, para onde se mudou aos 21 anos. E foi lá que teve o primeiro emprego no ramo da hotelaria, num Sheraton. Começou como bagageiro. Quando regressou à Tailândia, trabalhou no icónico Mandarin Oriental, primeiro como recepcionista, e depois progrediu na carreira. Foi no Mandarin que aprendeu a “estar atento a todos os detalhes”, a “conhecer os hóspedes pelo nome”. Teve outros empregos, passou por outros hotéis, até que chegou ao Paradee, um resort com o tamanho ideal (alberga um “máximo de 80 hóspedes”, explica) para poder trabalhar e fazer o que gosta: “Estar com as pessoas”, sorri. Não raras vezes, aproveitando a sua formação em Belas-Artes, retrata os hóspedes e depois manda entregar-lhes os desenhos no quarto. Ri-se de novo e pega no telemóvel para nos mostrar alguns desses seus trabalhos, caras esculpidas a lápis em folhas brancas.