Fugas - Viagens

  • Miguel Madeira
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À procura da mudança em Hunan

Rapidamente percebo que não há motivos para parar na cidade de Zhangjiajie, só por si. É, no entanto, uma base conveniente para explorar o parque natural que fica a cerca de uma hora de distância de autocarro. O ponto alto da cidade (literalmente!) é a montanha de Tianmen, que mistura tanto de beleza natural como de excentricidade turística. Para subir até ao topo dos seus 1500m de altitude, escolho a via preguiçosa, através do teleférico mais longo do mundo, na categoria de montanhas. Duvido deste prémio mas 7,5km de extensão dão alguma credibilidade, tanto em construção como em admiração! Aqui as vistas fascinam e remetem a cidade para uma insignificância quando comparada com a extensa envolvente verdejante.

São montanhas de cortes abruptos e rectos até perder de vista, declives, ravinas e florestas. Depois, claro, a maravilha extra que se espera deste país: vários passadiços em vidro que são de um nervosismo tentador, templos nos locais mais remotos e largas excursões, sempre em sentido contrário, que acrescentam adrenalina às passagens mais estreitas. Existe também uma abertura natural, face de muitos postais dedicados à China. É um verdadeiro “túnel” de 130m de altura que desemboca em 999 degraus de íngreme escadaria! Fico agora grato por ter escolhido o teleférico para subir e estas escadas para descer. Para voltar à cidade, o caminho não fica atrás em espectacularidade e emoção. A descida é por uma estrada que serpenteia a montanha, cenário digno de uma perseguição de filme de acção. São 99 curvas (sim, a fixação com o número 9 existe e simboliza boa sorte), muitas perfazendo mais de 180 graus, distribuídas por 11km. Apenas mini-autocarros circulam e os motoristas não se coíbem de mostrar todas as suas habilidades, com manobras calculadas ao milímetro e sem margem de erro, deixando os pneus a escassos centímetros das íngremes ravinas.

Aura de fantasia

No dia seguinte arranco para Wulingyuan, o parque nacional que alberga várias reservas naturais interligadas entre si, famoso pelas suas montanhas pontiagudas que inspiraram o filme Avatar. Tenho tempo e por isso escolho a entrada mais afastada e consequentemente menos popular: Yangjiajie. A viagem de autocarro (mini-mini-autocarro, na verdade), faz-se devagar, com muitas paragens, por uma China rural que ainda não é pitoresca o suficiente para vir em guias ou roteiros. Desço do autocarro e começo a caminhar até à estalagem onde ficarei nos próximos dias. Como acredito que seja fácil identificar o único estrangeiro por estes lados, Wendy, a dona da estalagem, e o seu marido encontram-me pelo caminho. Ele segue na sua scooter com a minha mochila e ela caminha comigo pela estrada deserta. Uma expert na área, sobrecarrega-me com dicas e informações, meio em inglês, meio em mandarim. Tira uma foto ao meu passaporte e envia para um conhecido. Quando chego à estalagem tenho um cartão de residente local (!) que me permite usar o teleférico gratuitamente durante a minha estadia aqui. Como é que o meu rosto passa por local é um fenómeno que nem quero perceber.

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