Fugas - Viagens

  • Humberto Lopes
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Parque Kruger: a arca de Noé

Embora haja quem faça safaris de um dia, pernoitar no parque tem óbvias vantagens para a observação da vida selvagem — e para o stress dos viajantes. Permite a observação dos bichos ao fim da tarde nos pontos de água (sobretudo na época seca) e a opção pelos safaris nocturnos e matinais, além de aliviar a pressão dos horários de circulação: as portas de acesso ao parque e aos camps têm horas para abrir e fechar (entre as 4h30 e as 18h30) e circular fora de horas é absolutamente interdito. Fazer planos extravagantes de “largas” distâncias em pouco tempo é ideia para apagar da agenda: a velocidade máxima é de 50km/hora e para observar seja lá o que for é necessário mobilizar paciência e tempo e permanecer por vezes mais de meia hora no mesmo local, o que faz reduzir a velocidade média de circulação para uns ronceiros 10 ou 20 km/h.

O que mais importa ao visitante — à margem destes aspectos burocráticos — é, naturalmente, pôr a vista (ou os binóculos, a lente da câmara fotográfica ou o telemóvel todo-o-terreno) na bicharada. As modalidades são variadíssimas, mais do que as que a maioria dos visitantes imagina ou põe em prática. Para todas, mesmo para as mais triviais, vale sempre a pena recordar a primeira linha das regras do parque: “Visitors enter the Kruger National Park at their own risk”. Fica-se a perceber também por que razão é importante conhecer antecipadamente as modalidades de observação dos bichos para as conciliar com os calendários e expectativas de cada um.

Para quem chega ao parque sem viatura própria (que não tem de ser um todo-o-terreno, exigível apenas para as picadas mais difíceis) e não pretenda alugar uma (disponíveis no camp de Skukuza e em Phalaborwa) existem programas que incluem safaris básicos, como os nocturnos e os matinais, ou outros mais sofisticados e modernamente radicais. Se os safaris puderem ser realizados em viatura própria e se se dispuser de tempo, há 2300 quilómetros de estradas, asfaltadas ou em terra, apetrechadas com útil sinalética.

Há, efectivamente, uma diversificada oferta de modalidades de visita, algumas das quais procuram explorar as características do território de acordo com particulares interesses dos visitantes. Percursos guiados em bicicleta de montanha? Sim, a partir do camp de Olifants, no centro geográfico do parque. Jogar golfe à vista da vida selvagem? Sim, em Skukuza. Itinerários pedestres com a companhia de rangers convenientemente armados? Sim, é uma actividade disponível em vários camps. Perto de Berg-en-Dal, no sul, o Bushman Trail leva-nos através de uma paisagem granítica com planuras e matagais que são reino de búfalos, elefantes e rinocerontes. Mais acima, o Olifants Trail segue ao longo do rio Oliphants e no cenário podem surgir manadas de elefantes e grupos de hipopótamos à procura do refrigério das águas. Safaris nocturnos em viaturas abertas? Idem. Pernoitar em esconderijos junto a pontos de água para observar as rotinas dos animais? Sim, em Mopani ou em Phalaborwa Gate. Percursos de um ou vários dias em todo-o-terreno? Há vários, sobretudo nas regiões centro e norte; o mais extenso de todos, o Lebombo Overland Trail, dura cinco dias e atravessa o parque de norte a sul, desde Pafuri, perto da fronteira com o Zimbabwe, até Crocodile Bridge.

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