Fugas - Viagens

  • JOCHEN TACK
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Essen, a cidade que era triste e cinzenta vive agora alegre e veste de verde

— São, muitas delas, plantas migrantes. Os vagões que transportavam o carvão pelo mundo também carregavam sementes para Essen. Tanta coisa mudou nas últimas décadas, principalmente se falarmos de vias navegáveis: uma vez mais temos de falar de norte e sul. De um lado, o Emscher, do outro o Ruhr, ambos cruzando a cidade, tanto um como o outro com um  passado marcado pela poluição resultante da industrialização.

Escutar esta mulher é um prazer que se renova, o mesmo que ela sentirá ao ver-se renovar esta cidade, em tempos como uma velhinha já sem gosto pela vida, triste e suja, hoje como uma jovem, cheia de vitalidade, alegre e limpa.

— O Emscher, em particular, que enviava detritos para a área do Ruhr através de canais em cimento, há muito que já não era considerado um rio natural. Mas, desde 1991, o Emscher segue um processo de renaturalização a cargo do Emschergenossenchaft — as águas residuais são transportadas ao longo de subterrâneos e novas áreas de lazer e zonas de conservação da natureza estão a ser criadas, o que representa um desenvolvimento revolucionário para a nossa região, cujas feridas da industrialização começam a ser gradualmente cicatrizadas.

O discurso de Simone Raskov é de esperança, mas, ao mesmo tempo, realista, objectivo, com exemplos vivos.

— O mesmo acontece com o Ruhr: a água está outra vez tão limpa que este Verão, pela primeira vez em 40 anos, haverá um lugar onde oficialmente é possível nadar.
Não me certifico do que me diz logo a seguir, mas não deixo de o registar.

— Será, aprovado em termos oficiais, o primeiro lugar onde se pode nadar num rio europeu, algo que nos emociona, porque, com efeito, estamos apenas a devolver o nosso rio, o rio que é de todos.

Essen é de todos, sem excepções, uma cidade que supreende. Nem tudo é verde mas tudo, de uma forma geral, nos remete para essa cor, como se nenhuma outra existisse ou porque a tonalidade nos aprisiona a cada momento.

Caminho agora em redor da catedral, envolta num silêncio apaziguador, depois escuto os sons, do comércio e do materialismo, que ecoam da Kettwiger strasse, a artéria mais popular de Essen, por onde os transeuntes caminham, olhando aqui e acolá, comprando aqui e ali. A catedral, com uma arquitectura simples, tem, no entanto, uma das mais valiosas colecções de arte otoniana que datam do ano 1000. Alargo o passo para o interior, planto os olhos no candelabro, na sua imponência, na imagem dourada da virgem, com  os seus olhos azuis, e, depois, deixo o tempo correr lentamente quando erro pela catedral do tesouro, para admirar as suas cruzes e a coroa do imperador romano-germânico, Otto III.

Não muito longe da catedral, para oriente, não fique a pensar que o seu tempo está a ser desperdiçado quando, por instantes, desaguar na Alte Synagoge, na Steeler Strasse, 29, onde a entrada é gratuita e, mesmo que não fosse, valeria a pena prestar um tributo àquela que  é considerada a maior sinagoga a norte dos Alpes, construída em 1913, sobrevivente da II Guerra Mundial e contendo, nos dias de hoje, uma exposição de Essen dos tempos do Terceiro Reich.

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