Fugas - Viagens

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Argélia, um país sem pressa

Imperdível em Argel

Argel está encravada entre o Mediterrâneo e imponentes florestas montanhosas. Palácios otomanos, mesquitas mouras, arquitectura árabe, fortificações berberes, casas coloniais francesas, avenidas “parisienses”… de tudo um pouco adorna um destino que se destaca também pela grande e a nova Mesquita, a Biblioteca Nacional, a Praça dos Mártires, o Museu Bardo e vários monumentos e fortes. Vagueando pelas suas artérias, descobrimos um verdadeiro museu a céu aberto, tal a quantidade de imóveis de interesse público.

A grande mesquita é a mais antiga da capital. Dizem que já existia em 1018. O interior é quadrado e dividido em corredores por colunas que são unidas por arcos mouros. A Mesquita Nova tem a forma de uma cruz grega e remonta ao século XVII. É rodeada por uma cúpula branca enorme e com quatro cúpulas pequenas nos cantos.

Afastada do centro, a Basílica Nossa Senhora de África é obra católica recentemente restaurada com história de culto repartido. Interessante e enriquecedora numa das colinas com olhar privilegiado para a baía de Argel. Regularmente, recebe concertos. 

O vistoso edifício central dos correios é um dos empreendimentos mais característicos de Argel e, muito provavelmente, o mais bonito, sobressaindo os seus detalhes árabes. Felizmente, em bom estado de conservação, em local central, animado e concorrido.

Junto ao mar, o Bastião 23 é um antigo complexo de vários palácios unidos. Bem preservado, apresenta uma arquitectura e decoração que merecem apreço, tal como o museu e exposições que acolhe este Centro de Artes e Cultura do Palais de Rais. O último andar é especialmente interessante, com tectos em madeira talhada e pinturas à mão. A visão para o Mediterrâneo é sublime. Aqui viveram governantes. Shehrazade sentir-se-ia em casa.

A Rua Didouche Mourad destaca-se pelos inúmeros restaurantes e cafés. É por aqui que passa boa parte da vida de Argel. Pitoresca, com árvores, comércio e edifícios belos e geralmente bem conservados.

O Museu Nacional Bardo é igualmente imprescindível. Um lugar recatado numa colina. Tem exibição de descobertas neolíticas, mas talvez lhe falte algo mais actual. Neste sedutor complexo árabe sobressaem os seus mosaicos multicolores. Seremos guiados, de improviso, por um (invariavelmente) simpático funcionário que exalta Linda de Suza. Não será o único argelino a surpreender-nos com o elogio à voz da emigração portuguesa em França.

A catedral do Sagrado Coração é um ícone arquitectónico do país. Magnífica, embora engolida pela voracidade urbanística. E com entrada que mais parece clandestina, por detrás de umas bombas de gasolina.  Funcionalista e com um tecto que mais se assemelha a um reactor nuclear. A área de cerimónia religiosa foi inspirada em tenda berbere. De fora, complicado descobrir um ângulo para boas fotos. Nessa demanda, encontraríamos um prédio do mestre Le Corbusier, mas sem a vista desejada. Finalmente, conseguimos uma pequena visita à igreja. Foi o único sítio, em toda a viagem, onde nos pediram dinheiro.

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