Fugas - Viagens

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Argélia, um país sem pressa

Se procura um oásis que o isole da confusão citadina, então o jardim d’Essai du Hamma é a opção certa, aos pés do imponente monumento aos mártires. Este jardim botânico foi criado em 1832 com o intuito de drenar um pântano e cultivar plantas e árvores. São 140 hectares de prazer e espécies surpreendentes em ambiente de pura serenidade. Tem um jardim francês e um outro inglês. Estético e cuidado. Aqui também podemos usufruir de artesanato e comida. Ideal para passear, meditar, relaxar…

Ao cimo, de teleférico, grandioso memorial aos mártires. Obra emblemática e símbolo do imenso orgulho argelino. Na sua base situa-se um museu sobre a revolução e o domínio francês. Indispensável. Do outro lado da enorme praça, o bairro em pedra do arquitecto francês Fernand Pouillon.

Argel oferece aos visitantes um contraste entre o austero e o sublime, bem como um vislumbre intrigante sobre o passado, presente e futuro da Argélia. Que já está em construção com a maior mesquita de África e um novo aeroporto internacional em Argel.

Vertiginosa Constantina

A cerca de 400 quilómetros de Argel temos Constantina, destino de emoções fortes, que vão muito para além das suas conhecidas pontes em cenários dramáticos. São quatro sobre o rio Rhumel que se exibem, em alguns pontos, a mais de 300 metros acima do solo, num abismo que liga a cativante zona antiga a uma nova parte da cidade num cenário esboçado em profundos desfiladeiros e impressionantes penhascos rochosos. Com casas que parecem agarrar-se em desespero para não caírem nas perturbantes ravinas. Não admira que o imperador Constantino I, que a reconquistou e reconstruiu, a tenha rebaptizado com o seu nome. Aqui, do alto, a certeza de ser um bastião praticamente intransponível.

Desde o grandioso arco que celebra os que morreram pelo país, que se atinge após cruzar a carismática ponte de Sidi M’Cid, a visão para o extenso horizonte é realmente soberba. Um imenso vale e orgulhosas montanhas, bem lá ao fundo. Em paleta de tonalidades de esperançosos verdes e envolventes castanhos. Se, do mesmo sítio, mirarmos a zona velha, sente-se que o homem se esmerou na arte de construir em lugar ousado. Faz lembrar a andaluza Ronda, também com sangue árabe na sua génese.

No infindável bazar de rua esbarramos com todo o tipo de estímulos. Colorida roupa, criativo artesanato, odorosas especiarias, deliciosa comida… num errar por quelhos e ruelas que não cansa. Próximo, o mercado coberto, junto às icónicas edificações dos correios e palácio da justiça, situa-se em estrutura subterrânea mais vocacionada para frutas, legumes, flores, carne e peixe. Explorem-no também. Quanto mais não seja para ouvir os calorosos sorrisos de “bienvenue” à Argélia.

A cidade que viu nascer o Nobel da Física de 1933, Claude Cohen-Tannoudji, também contou com o génio do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, nos seus tempos de exílio: a futurista universidade de Constantina, a fazer lembrar Brasília, foi edificada nos anos 1970 e será o seu maior legado no país.

Emir Abdelkader é nome de sumptuosa mesquita. Construída em 1994, contempla dois minaretes e tem capacidade para 15.000 fiéis. De facto, uma obra extraordinária. Os detalhes arquitectónicos árabes são soberbos. Em Constantina também podemos relaxar experienciando um hammam. O luxuoso é aquele com que todos sonham, mas o popular mostra-nos bem melhor a essência deste povo.

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