Fugas - Viagens

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Argélia, um país sem pressa

Não esquecer de dar uma volta no teleférico. Interessante o sobrevoar dos arredores. O palácio de d’Ahmed Bey é uma das visitas mais recomendadas, pelos mosaicos e cerâmicas de estilo mourisco e belos pátios interiores. Uma das últimas construções otomanas na Argélia, concluída em 1835.

Argélia romana

O Norte de África foi bastião do imenso império romano e Tiddis é mais um exemplo no país. Fica a uns 30 quilómetros de Constantina, mas não a visitámos: tínhamos privilegiado Timgad e Djémila, dois sítios impressionantes celebrados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, tal como Tipasa, a uns 70 quilómetros de Argel.

Um galo canta ao longe, no único sinal de vida na imensa paisagem escalada em tons sóbrios. Há uma paz densa, única neste solo esquecido há 1500 anos. Estamos sobre antiga Roma, que em milhares de pedras gastas se espraia diante de nós até quase onde o olhar consegue atingir. Ruínas e imponentes montanhas, num cenário praticamente íntimo: é dia de semana e estamos sós. Visitar a maior ruína romana – excelentemente preservada, incluindo os artefactos expostos no museu adjacente - do Norte de África exige apenas um curto desvio na rota Constantina-Argel.

Timgad fica 120 quilómetros a sul de Constantina e entende-se a diferença quando um local histórico é visitado a um sábado, claramente mais buliçoso. Quando em 1765 o explorador e escritor escocês James Bruce descobriu um arco do triunfo romano escondido sob as areias, certamente ficou incrédulo. Desconheceria que tinha encontrado a maior cividade do Império no Norte de África: a velha Thamugadi, hoje Timgad. A ideia de Roma era aumentar o domínio e influência nesta parte do Continente, protegendo as rotas comerciais e os habitantes da região contra os ataques nos nómadas e berberes do sul.

O teatro, com uma acústica ainda hoje notável, resistiu às invasões árabes e berberes e continua a receber espectáculos de artistas de todo o Mediterrâneo. Vendo bem, parece que toda a Argélia nos é servida num ilustre palco.

Um último segredo: a menos de 100 quilómetros de Timgad, as gargantas de Ghoufi são um dos cenários naturais mais admiráveis do planeta. Os berberes sabiam-no. A UNESCO e nós também.

Se não domina o árabe ou algum dos muitos dialectos berberes do país, o melhor será desenferrujar o seu francês, já que o inglês está pouco disseminado no país. Que a língua não seja um obstáculo: os argelinos habitam uma das nações mais estimulantes do planeta, são calorosos e esforçados no que toca a fazer os visitantes sentir-se serenamente em casa.

 

Guia Prático

Como ir

Por incrível que pareça, a viagem entre Lisboa e Argel demora menos de duas horas (1h45). Actualmente, a Air Algérie voa entre as duas capitais às segundas (11h15) e sextas-feiras (18h30), estando previsto um voo suplementar às quartas-feiras a partir de 21 de Junho. Os voos a partir do Porto começam a partir de 18 Junho, às quintas e domingos (ambos às 18h25). Os preços base são de 165 euros (ida e volta de Lisboa) e de 108 (ida e volta do Porto), acrescendo o valor das taxas.

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