Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda

Continuação: página 4 de 7

Quantos mundos cabem numa ilha de sol e praia?

E carros, carrinhas, camionetas. Algumas aqui, estacionadas na beira da estrada. Muitas a subir a encosta que dá acesso ao teleférico, mais além. As duas cabines galgam à vez o monte Teide até à estação de La Rambleta, a 3555 metros de altura. A viagem dura cerca de oito minutos e custa 13,50€ por trajecto (subida ou descida, 27€ para ida e volta). A maioria dos visitantes, conta Catherine, opta por subir de teleférico e descer pelos trilhos pedestres que percorrem a encosta do vulcão. A caminhada demora cerca de quatro horas, tanto para cima como para baixo.

Subir ao cume do Teide, escassos 200 metros acima da meta do teleférico, é gratuito mas há que pedir previamente permissão junto do Parque Nacional do Teide – Centro de Visitantes Telesforo Bravo (no site avisam que deve ser feito com alguma antecedência, dada a elevada procura). Há empresas que realizam subidas nocturnas para assistir ao amanhecer no topo do vulcão e é possível pernoitar lá no alto, no Refugio de Altavista. É composto por três dormitórios com capacidade para 54 pessoas (tem cozinha, mas não serve refeições; e nas casas de banho não há chuveiros. Custa 25€ por noite).

Atrai-nos a ideia de dormir junto às estrelas. As condições meteorológicas e geográficas tornam esta zona da ilha num dos locais privilegiados para observar o Universo – aqui perto, em Izaña, fica o Observatório do Teide, uma das instalações do Instituto de Astrofísica das Canárias, sediado em Tenerife. Mas desta vez não temos tempo. A viagem a outros mundos segue dentro de momentos.

É que, um pouco mais à frente, fica outro dos pontos altos do habitual passeio turístico pelo Parque Nacional do Teide, classificado em 2007 como Património Mundial pela UNESCO. Com cerca de três milhões de visitantes por ano, é o parque nacional mais visitado de Espanha. Em 2016, superou todos os recordes ao ultrapassar a fasquia das quatro milhões de visitas, num ano em que chegaram à ilha cerca de 5,5 milhões de turistas (o número de habitantes não chega aos 900 mil).

No Valle de Ucanca somam-se às dezenas. Acotovelam-se no miradouro junto às icónicas Roques de García. A mais famosa é o Roque Cinchado, um rochedo retorcido que parece desafiar as leis da gravidade. Catherine chama-lhe “o polegar de Deus”. Muda-se de perspectiva e a escarpa parece formar uma “catedral” de pedra. O Teide domina o horizonte. “Não está em actividade, mas não está morto”, diz Catherine. Os registos mais recentes de actividade vulcânica na ilha datam de 1909, ano em que se avistaram fumarolas na cratera do Teide e, meses mais tarde, o vulcão de Chinyero entrou em erupção.

Em 1966, contudo, o cinema fez o Teide explodir em lava e material piroclástico a meio da última batalha de Quando o Mundo Nasceu, de Don Chaffey. No final, a bela Loana, representada por Raquel Walsh, Tumak (John Richardson) e o resto dos sobreviventes das duas tribos rivais unem-se e partem em busca de novo território. A imaginação embala e na paisagem árida luta agora Perseus (Sam Worthington) contra escorpiões e monstros grotescos em Confronto de Titãs (2010) e na sequela Fúria de Titãs (2012). Não fossem os turistas e no Teide cabiam quase todos os mundos.

--%>