Há cinco anos que Salvador criou a empresa de passeios de barco. Hans, holandês a viver há mais de 20 anos em Tenerife, é o braço-direito. A observação de cetáceos é um trabalho de equipa. Um segue ao leme, em contacto permanente com o grupo de observadores que, em terra, ajuda a encontrar os animais. O outro tenta descobri-los à proa, enquanto garante que nada falta aos clientes. Sobre a mesa do veleiro há bolos, sumos e vinho.
“Estive ligado ao mar toda a minha vida”, conta Salvador. “Venho de uma família de navegadores de recreio.” Quando era miúdo, recorda, “nadava muito com golfinhos e baleias com o pai”. O barco com que agora passeia turistas é do avô. Antes trabalhava em aquacultura e quando estava nas estufas reparava que “vinham muitos golfinhos por causa dos peixes”. Como a água aqui é mais quente, o pescado cresce muito mais depressa. Podem existir até 150 mil douradas ou robalos em cada estufa, contava-nos momentos antes, ao passarmos ao largo de uma estação de aquacultura. O gosto pelos cetáceos, no entanto, acabou por falar mais alto. “É um sonho. Mais tranquilo. E gosto muito dos animais, de conhecer pessoas novas.”
A conversa é interrompida abruptamente, está toda a gente num alvoroço. E Salvador, que não tirou os olhos do mar por um minuto, é o mais entusiasmado. É que à nossa frente acabou de surgir, por breves segundos, uma baleia-comum, nada comum de se avistar por aqui, garante-nos. Podem chegar aos 24 metros. Esta terá “17 no mínimo”, calculam os especialistas a bordo dos vários barcos turísticos que entretanto ali acorreram. Para quem, como nós, nada viu à primeira, a benevolente baleia-comum volta a subir à superfície uma última vez antes de desaparecer no Atlântico. La Gomera, a ilha mais próxima de Tenerife, mantém-se tapada por uma leve neblina quando iniciamos a viagem de regresso. Um bando de pardelas voa sobre as ondas. Não vimos as espécies residentes, mas avistámos uma das mais raras e dezenas de golfinhos malhados. “Costumo dizer que quando as pessoas são boas, os animais sentem e deixam-se ver mais.” É provável que a deixa seja parágrafo final de todos os passeios, mas não nos importamos. O balanço é positivo.
Guia prático
Como ir
A ilha é servida por dois aeroportos internacionais: Rainha Sofia (no Sul) e Tenerife Norte. Nenhuma companhia aérea, no entanto, oferece voos directos a partir de Portugal neste momento. A maioria das ligações com partida de Lisboa faz escala na vizinha Las Palmas, enquanto os voos que saem do Porto param habitualmente em Madrid.
Onde ficar
Hotel Silken Atlántida Santa Cruz
Avenida 3 de Mayo (Esquina Áurea Díaz Flores) - Santa Cruz de Tenerife
Tel.: 0034 922 294 500
www.hoteles-silken.com
Onde comer
Finca Altos de Trevejos
(restaurante de cozinha tradicional e adega)
Trevejos - Vilaflor
Tel.: 0034 607 112 040
E-mail: trevejos@altosdetrevejos.com
www.altosdetrevejos.com
Cruz del Carmen
(restaurante de cozinha tradicional canaria)
Carretera Monte de las Mercedes km 6 - San Cristóbal de La Laguna
Tel.: 0034 922 250 062
E-mail: rte.cruzcarmen@gmail.com
Facebook: Restaurante-Cruz-del-Carmen