Fugas - Viagens

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Curto é o dia, eterna é a noite: dez praias para descobrir em Ibiza

Cala Bassa

Há seis anos, às primeiras horas da manhã, deitei-me à sombra das árvores. Cala Bassa foi a primeira praia que conheci em Ibiza. Agora, naquele espaço onde os ramos me protegiam do sol que já queimava, o Cala Bassa Beach Club, como um polvo que estende os seus tentáculos, tudo abarca, a preços que fazem o comum dos mortais abrir a boca de espanto.

- Havia um quiosque no Verão e que era desmontado mal a temporada terminava. Era um espaço básico mas acolhedor, para um petisco ou uma bebida. Tudo está a mudar e não é propriamente no melhor sentido, admite Catallina Ribas.

O Cala Bassa Beach Club, cada vez mais popular entre a elite e ocupando um espaço onde antes funcionavam três chiringuitos, contempla diferentes restaurantes (um deles de sushi), mas também um conjunto de estátuas, lojas de roupa, de acessórios de praia, joalharia e uma área de massagem, uma polivalência que se estende à música — lounge, chill-out e deep-house.

Com uns 300 metros de comprimento e uns 30 de largura, permanece como uma das praias mais encantadoras de Ibiza, com as suas areias finas, as suas águas de um azul turquesa e ideais para crianças, os seus desportos aquáticos, agitada e muito procurada no Verão, tranquila e solitária no Inverno — se caminhar para a sua esquerda, de frente para o mar, terá fortes probabilidades de ver um ou outro hippie andando sobre as rochas, ao encontro da gruta onde vivem, desprovidos de todos os confortos que o Cala Bassa Beach Club proporciona a turistas que não têm qualquer problema em pagar 30 euros por um hambúrguer.

Ao fundo avista-se San Antoni, com os seus prédios recortando a linha do horizonte.

San Antoni

Ao fim da tarde, muitos dos caminhos vão dar a San Antoni. Ao longo do passeio marítimo, mulheres da Gâmbia, com os seus vestidos coloridos, tentam vender pulseiras aos turistas que esperam ansiosamente que a noite tombe sobre a ilha. Com os seus prédios que envergonham a estética, San Antoni, onde foram construídos, na década de 1930, os primeiros hotéis em Ibiza, é um dos locais preferidos dos turistas ingleses, talvez porque, como muitos outros vindos do Norte da Europa, nunca presenciaram um pôr do sol tão mágico no cinzentismo das suas cidades. Gosto de me acercar de San Antoni partindo de barco (de hora a hora, com um preço de três euros) de Port des Torrent que, geograficamente, integra a baía de San Antoni. Antes de partir, sinto um prazer que se renova a cada momento quando me sento, mesmo que apenas por alguns minutos, no restaurante onde trabalha Luiz Fernando Alba, sempre feliz por servir a melhor picanha e a melhor presa ibérica aos seus clientes. El Viejo Gallo era, num passado cada vez mais remoto, o The Old Cock, por isso não me surpreendo com a colecção de galos que decora o espaço onde a qualidade da cozinha rivaliza com a simpatia — e onde não falta o galo português, com as suas cores alegres. Passando os olhos pelas suas paredes, aprecio as fotografias antigas, a preto e branco, um barco chegando desde San Antoni com produtos para o restaurante, a carga transportada por um burro desde a praia, imagens que provocam um sentimento de nostalgia mesmo a quem não viveu esse tempo.

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