Próximo de Sant Vicent, encontro um segredo mais complicado de desvendar. A sinalização do trilho está meio oculta entre as árvores, por entre elas perscruto retalhos do mar, até que, do topo de uma falésia, avisto três ou quatro turistas gozando a plenitude do silêncio que impregna S’Aigua Dolça. A descida não é fácil (melhor mesmo é acercar-se de barco) mas, com precaução e a ajuda de uma corda aqui e acolá, desaguo na praia, com o peso da minha respiração sobrepondo-se ao suave murmúrio das águas que lambem os seixos.
Cruzo a pequena povoação de Sant Vicent de Sa Cala e não tardo a ser contemplado com uma panorâmica soberba sobre o mar, até onde desço, ao encontro de Port de ses Caletes, uma das praias mais tranquilas de toda a ilha e onde sou recebido pela solidão.
Uma prova de esforço leva-me, não sem alguma demora, a Ses Balandres, não muito distante de Santa Agnès. Mesmo para exploradores profissionais, Ses Balandres não é fácil de alcançar — e essa é a explicação para o isolamento mas não um obstáculo para os pescadores que, no passado, aqui edificaram esconderijos para os seus barcos e estaleiros básicos. Da praia, avista-se, na baía em frente, um rochedo em forma de arco, a Ses Margalides, na sua infinita beleza.
A estrada entre Sant Josep e Cala d’Hort é uma das mais panorâmicas de Ibiza mas antes de atingir essa praia já globalizada faço um desvio até Cala Truja, ao longo de uma picada. Vista de cima, a praia pode revelar-se uma desilusão mas não se deixe impressionar negativamente: umas escadas nas rochas vão revelando pequenas maravilhas e, num instante, a minúscula praia mostra-se, com as suas águas tão transparentes quanto adormecidas. Do topo do penhasco, avista-se Es Vedra, a ilha mágica que tanto se afunda no mar como sobe no céu.
Imutável permanece uma parte de Cap Negret, a despeito das muitas vivendas que foram sendo construídas de um dos lados do cabo. Invisto pelo caminho que nasce junto à igreja de Es Cubels, uma das zonas mais ricas de Ibiza, passo um portão que conduz a duas vivendas (é um caminho público) e, ao fim de trinta minutos, estendo-me na Secret Beach, uma vez mais só, escutando o mar. Aqui, pela tarde fora, não avisto um único dos muitos milhões de visitantes, qual rio humano enlouquecido, que se entregam a tantos outros prazeres em tantos outros lugares no meio de tantos turistas.
Robert de Niro em Ibiza
O actor norte-americano tem, desde finais do mês passado, o seu primeiro hotel na Europa. O Nobu Hotel Ibiza Bay, de cinco estrelas, está situado na praia Talamanca (a cinco minutos de carro da cidade de Ibiza), conta com centena e meia de quartos e abriga também quatro restaurantes.
Guia
Quando ir
Ibiza pode ser visitada em qualquer altura do ano mas, para os hedonistas, o ideal é entre finais de Maio e início de Outubro — e o mesmo se aplica em relação ao clima. Maio e Outubro são, respectivamente, os meses que coincidem com as festas de abertura e de encerramento da maior parte dos clubes (a discoteca Pacha, aberta durante todo o ano, aos fins-de-semana, é a excepção).