Fugas - Viagens

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Curto é o dia, eterna é a noite: dez praias para descobrir em Ibiza

Muito frequentada, Cala Tarida proporciona também momentos de solidão, desde que se disponha a caminhar uns metros para norte, ao encontro de pequenas grutas até onde os turistas não se aventuram, até porque muitos deles optam pelo elegante Beach Club Cotton.

Cala Llonga

Pelos mesmos motivos se deslocam também os turistas para Cala Llonga — para se sentarem de frente para o mar no Amante, situado numa pequena baía, em Sol d’en Serra.

Há hotéis e bares e restaurantes por todo o lado, mas também parques de diversões para as crianças (podem caminhar mar dentro durante uns bons metros) e densa vegetação de um lado e do outro da baía.

É em Cala Llonga que termino o passeio pela ilha mágica. Sentado numa esplanada, percorro com os dedos o livro do historiador Antoni Ferrer Abárzuza e da arqueóloga Ana Mesquida, com um conjunto de fotografias que testemunham quase um século de vida do Porto de Cala Llonga e retratam os payeses num tempo que já não existe, bem como as mudanças na sociedade provocadas pela chegada dos primeiros turistas nas décadas de 1950 e 1960, quando Jose Ribas Cardona sentia o ar perfumar-se de um aroma a azeite.

 

Ainda há lugar para a solidão

O fenómeno da massificação de Ibiza é relativamente recente e resulta, em parte, da popularidade da ilha mas, de igual forma, do receio que se foi instalando na mente dos turistas que antes procuravam destinos mais económicos, como Tunísia, Egipto e Turquia, por exemplo. Poucos são, entre milhões de turistas, aqueles que se aventuram até lugares dos quais nunca ouviram falar ou cujo nome nunca leram nas revistas cor-de-rosa que exibem fotografias de futebolistas, de actores, de gente famosa.

Embora poucos, Ibiza ainda tem segredos mais ou menos bem guardados, em alguns casos verdadeiramente órfãos de ruído.

Parto, mal o dia se anuncia, ao encontro do primeiro, caminhando por entre fragmentos de alcatrão e sulcos que a água foi abrindo no Inverno e logo depois pelo meio da densa vegetação que me conduz até um ponto de onde avisto o mar como um tapete de um azul de múltiplas nuances, contrastando com o verde e com os penhascos manchados de amarelos e da cor do mel. Prescruto iates que parecem imobilizados, pequenos rochedos compondo a moldura e um ou outro barco à vela no horizonte. E, subitamente, mal desfaço uma curva, planta-se à minha frente uma baía de águas calmas, as suas minúsculas e rudimentares casas onde os pescadores guardavam, num tempo cada vez mais distante, os seus barcos. Es Portitxol, na parte norte de Ibiza, é um porto que a natureza construiu quase sem ajuda humana, com as suas águas translúcidas, elogiado por piratas, invasores e  simples pescadores que viam neste lugar mágico um porto de abrigo sem paralelo em toda a ilha.

Cala d’en Serra

Ao fundo, a pequena praia de Cala d’en Serra, abraçada pelos seus rochedos rugosos e com a sua faixa de areia suave, convida-me a descer ainda mais, para me deitar naquela que foi considerada, não há muitos anos, pelo diário inglês The Guardian, como uma das melhores praias da Europa. Apelativa, a Cala d’en Serra nunca chega a estar verdadeiramente lotada mas, se for o caso, basta uma meia dúzia de braçadas, para a direita, para desfrutar de maior privacidade antes de regressar à praia para uma bebida refrescante no rudimentar chiringuito bem enquadrado na natureza. 

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