Fugas - Viagens

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Há muito Portugal para descobrir de comboio

Quatro anos depois, o comboio era encostado nas oficinas de Contumil (Porto), até que, em 2016, uma administração da CP de mente mais arejada decidiu mandar limpar-lhes o pó, apertar uns parafusos, pintá-las e ...pô-las a circular nos carris. Afinal, apesar da sua provecta idade, ainda hoje na moderna Suíça circulam algumas das suas irmãs gémeas.

O Miradouro pára em Caíde. Por esta altura, os disciplinados passageiros que entraram no Porto ocuparam os seus lugares e iniciaram a viagem sentados e meio amodorrados, circulam agora pelas carruagens em alegre algazarra, abrem as janelas, tiram fotografias.

A partir de Caíde o comboio passa do século XXI para o século XX. A linha dupla, electrificada, com modernos sistemas de sinalização, dá lugar a uma via única onde a exploração depende inteiramente dos ferroviários que, nas estações, vão dando avanço aos comboios telefonando entre si.

Os passageiros percebem isso quando, às 10h25, o Miradouro se detém agora na pacata estação de Vila Meã. Para cruzar com outro? Não. Para esperar que o regional que segue à nossa frente chegue à estação do Marco e o chefe de estação autorize que o nosso prossiga a viagem.

No Marco de Canaveses a cena repete-se. O regional vai avariado e a perder tempo. E espera-se meia hora que chegue a Mosteirô até que o Miradouro tenha ordem para avançar.

No entretanto, os passageiros passeiam pela estação. As carruagens, vermelhas e amarelas, contrastam com o azul da locomotiva, permitindo fotos coloridas, logo partilhadas nas redes sociais. Junto à máquina a diesel, um magote faz perguntas ao maquinista que, diligente, se desfaz em explicações técnicas sobre o funcionamento da locomotiva. O revisor é outra figura simpática com quem os passageiros conversam animadamente.

E de novo em marcha é agora que chegamos ao Douro. A seguir ao túnel do Juncal há como que um túnel de arvoredo que, pouco a pouco, deixa descobrir nas clareiras o rio lá muito em baixo. A partir de agora o comboio inicia uma descida até Mosteirô, ficando mesmo à beirinha das suas margem, das quais não vai mais separar-se.

“Espectacular!”. Luís Teixeira veio de Coimbra integrado num grupo de 17 amigos e não sai da janela, vendo como a composição serpenteia pelo traçado sinuoso junto ao rio. “Pensei que as carruagens fossem ainda mais antigas. Estava a contar com algum desconforto, mas afinal isto até é confortável”, diz.

Na mesma carruagem viaja Idalina Andrade. É do Funchal e está de férias no continente. “Vim fazer esta viagem porque achei engraçado. Acho isto lindíssimo, o rio sempre aqui ao lado”, comenta. “É diferente e quase tão bonito como a Madeira”, ri-se, acrescentando que acha os assentos muito cómodos e que o preço desta viagem até é muito barato.

Uma opinião partilhada por Miguel Marques, do Porto, que acha o preço “muito razoável”. A namorada, Margarida, é neta de um revisor da CP e já conhecia a linha do Douro, mas para Miguel esta viagem é uma estreia. “Está a ser muito agradável. O poder abrir as janelas dá um ar completamente diferente à viagem porque podemos tirar fotografias e sentir o ar puro.”

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