Fugas - Vinhos

  • Argentina, Finca Flichman, Barrancas
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
    Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Argentina
    Argentina
  • Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
    Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
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Do Chile à Argentina pelas vinhas do novo mundo

Filipe Carvalho, que no início de Março deixou a unidade comercial de Hong Kong da Sogrape para assumir a direcção de Los Boldos, faz de cicerone. Explica como irá ser a nova adega, mostra o buraco onde vai nascer uma grande sala de barricas, a futura ala de cubas de fermentação, o laboratório. Stephane Geneste, o enólogo principal, junta-se depois, para explicar os vinhos.

Stephane, formado na Universidade de Dijon, na Borgonha, entrou na empresa em 1997, sete anos depois de o francês Dominique Massenez a ter comprado. Até 1990, e desde 1850, Los Boldos funcionou como adega cooperativa. Depois Massenez transformou-a em château, reorientando o cultivo e a produção de vinho no sentido da mais pura tradição francesa.

Em 2008, a família Massenez vendeu, por cerca de 30 milhões de euros, a totalidade do capital de Los Boldos à Sogrape, que, além de renovar a adega, tem vindo a fazer um minucioso trabalho de zonagem das vinhas existentes, plantadas em terrenos de aluvião polvilhados de pedras roladas. Conceitos como condutividade eléctrica dos solos, geo-referenciação e viticultura de precisão passaram a fazer parte do novo léxico da empresa e a ser determinantes na forma de delinear as novas plantações, desde a exposição das vinhas aos tempos de rega por gota a gota e aos porta-enxertos e castas mais indicadas para cada talhão. O rosto desta "revolução" é o consultor chileno Pedro Parra, um doutorado em solos pela Universidade de Paris que a revista Decanter considerou, em 2009, uma das 50 pessoas mais influentes do mundo na indústria do vinho.

Os trabalhos de Pedro Parra dizem pouco a Luiz Ramirez, um chileno de bigode e feições andinas. De joelhos, como se estivesse em peregrinação, corta cachos de Cabernet Sauvignon a uma velocidade de ilusionista. Cansa só de vê-lo trabalhar. "Já estou habituado", diz, sem tirar os olhos das videiras. Los Boldos está em vindimas e a apanha das uvas, seguindo a tradição do país, é paga ao quilo. Quando os baldes estão cheios, Luiz mete-os numa carreta e corre a despejá-los na caixa do tractor, perante o olhar atento de uma "feitora" contabilista. Ramirez chega a vindimar 1500 quilos de uvas por dia. Quando o consegue, leva para casa o equivalente a 30 euros. O salário mínimo no Chile ronda os 270 euros.

O cenário é prodigioso em Los Boldos, 210 hectares de vinhas planas e geométricas com os Andes em fundo. Indiferentes à beleza da paisagem, os trabalhadores mal falam. O sol queima e até os cavalos que nos levam em passeio pelas vinhas, depois de um almoço típico de cabrito assado no espeto, parecem agradecer a sombra das videiras e a água que cai dos gotejadores. Ainda há tempo para cortar uns cachos, de recordação. A primeira caixa enche-se bem. A segunda já custa. Luiz Ramirez merecia uma vénia.

Está na hora de regressar a Santiago, para um jantar no restaurante La Mar, cozinha de inspiração peruana à base de peixe e marisco. O chileno Patrício Tapiá, provador sénior da revista Wine&Spirits, também aparece. Leva alguns vinhos para surpreender o amigo João Paulo Martins, crítico da Revista de Vinhos. Um deles faz mesmo boa figura, o Laberinto Sauvignon Blanc 2001, notas típicas da casta e acidez divinal. João Paulo Martins contrapõe com um extraordinário Casa de Saima 1991, da Bairrada, sem tirar brilho ao belo Chateau Los Boldos Grand Cru 2009.

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