Fugas - Vinhos

  • Argentina, Finca Flichman, Barrancas
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
    Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Argentina
    Argentina
  • Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
    Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos

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Do Chile à Argentina pelas vinhas do novo mundo

A travessia dos Andes

São quase quatro da manhã em Portugal quando o jantar acaba. A jornada foi longa de mais e no dia seguinte há um grande desafio pela frente: viajar de carro desde Santiago até Mendoza, na Argentina, através dos Andes. Seis horas de viagem, no mínimo, se tudo correr bem. De avião, seriam pouco mais de 40 minutos.

A primeira hora é de aproximação às montanhas, ainda por entre vinhas e pomares. Inúmeros camiões vindos de todos os pontos da América do Sul seguem num vaivém constante, somando quilómetros atrás de quilómetros pela grande estrada panamericana, a travessia dos viajantes solitários e destemidos, cerca de 48 mil quilómetros ligando os Estados Unidos ao sul da Argentina. A subida a sério começa em Puerto dos Andes, ponto de paragem para uma parrilhada (assado de várias carnes). A partir dali é um serpentear contínuo por entre montanhas e desfiladeiros, cuja beleza e grandeza nos reduzem à nossa insignificância. Faz sol e a luz é puríssima, mas não há forma de alcançar o gigantismo da cordilheira andina com um simples olhar. A escala é inumana, oito mil quilómetros de montanhas ininterruptas desde a Venezuela à Patagónia. Uma delas, Aconcágua, é o ponto mais alto do continente americano, com 6962 metros de altura. Dizem que do seu cume se consegue perceber a curvatura da Terra no Pacífico.

Em menos de 30 quilómetros sobe-se até aos 2400 metros de altitude. A estrada continua em espiral, numa vertigem que tem algo de aventura e de religião. Um sentimento de irmandade apodera-se dos automobilistas, que vão trocando acenos solidários. Atravessar os Andes é uma odisseia colectiva e um pretexto também para imortalizar paixões. "Amo-te Sónia", lê-se, algures. São raros os vestígios de neve. No Inverno, a estrada chega a estar cortada durante vários dias. Para proteger os automobilistas das derrocadas e das intempéries mais severas, há vários cobertizos ao longo da estrada (túneis abertos). Mais alguns quilómetros e chegaremos aos 3800 metros, a altitude a que se situa a fronteira entre o Chile e a Argentina, em Las Cuevas.

As formalidades demoram menos de 30 minutos. Em certos dias, a espera chega a ser de duas horas, dizem-nos. No lado argentino, a estrada torna-se mais rectilínea e as montanhas acompanham a metamorfose, ganhando tonalidades mais claras. Durante vários quilómetros, a estrada segue paralela a uma velha linha de comboio, o mítico Transandino que ligava Mendoza, na Argentina, a Santa Rosa de Los Andes, no Chile. O comboio deixou de apitar há muito tempo, mas a linha ainda vai resistindo, em alguns troços pendurada sobre o precipício, tal como a lendária Ponte do Inca, uma ponte natural formada pela erosão das águas minerais.

É uma das grandes atracções da travessia dos Andes, cuja lenda a associa à luta pela independência da Argentina, mas os taxistas que nos levam não perdem tempo com explicações. Há ainda duas ou três horas de viagem pela frente e, a partir de certa altura, a monumentalidade dos Andes vai-se tornando monótona, em grande parte pela ânsia do destino, Mendoza, onde chegamos já de noite.

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