Fugas - Vinhos

  • Argentina, Finca Flichman, Barrancas
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman, Tupungato
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  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
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  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
    Argentina. Cecília Costa, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman
  • Argentina, Finca Flichman
    Argentina, Finca Flichman
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Argentina
    Argentina
  • Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
    Chile. Stephane Geneste, enólogo principal da Sogrape na vinha de Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos
  • Chile. Los Boldos
    Chile. Los Boldos

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Do Chile à Argentina pelas vinhas do novo mundo

A terra dos sonhos da viticultura

A cidade de Mendoza, a mil quilómetros de distância de Buenos Aires, é o centro da mais importante e florescente região vinícola do continente americano. Cerca de 90 por cento do vinho exportado pela Argentina é produzido naquela província, onde a área de vinha ronda os 150 mil hectares (80% do total do país). E apenas uma ínfima parte da superfície da região (3%) está cultivada. É a verdadeira terra dos sonhos para quem pretende produzir vinho, embora o ambiente lembre mais o deserto. O clima é muito seco (não chovem mais do que 200 milímetros por ano), os solos, de aluvião e com boa drenagem, são uma bênção para as videiras e a proximidade dos Andes assegura frescura e água para a rega.

Durante séculos, o alto consumo interno de vinho foi mantendo a Argentina longe dos holofotes do mundo. Mas por volta da década de 80 do século passado, com a abertura do país ao investimento estrangeiro, o gigante começou finalmente a despertar. As principais multinacionais do vinho e enólogos voadores como Michel Rolland instalaram-se em Mendoza, atraídos pela terra barata e abundante. E atrás de uns vieram outros, pioneiros modernos decididos em plantar vinha onde só nasce "pura maleza", vegetação rasteira típica do deserto.

A Sogrape, que ganhou vocação universal com o Mateus Rosé, chegou em 1998, com a compra da Finca Flichman ao grupo Werthein. "Lembro-me que nessa altura o meu pai passou algumas noites sem dormir", recorda Mafalda, a filha do presidente da Sogrape, Salvador Guedes, em visita iniciática por Los Boldos e a Finca Flichman, cujas marcas gere no mercado português.

Saindo de Mendoza, a visão é arrebatadora, apesar da aridez que ressuma do imenso vale. Há rios secos que mais parecem cemitérios de pedras. O Mendoza, o mais importante da região, leva apenas um fio de água. Mas a amplitude do leito não deixa dúvidas sobre sua a natureza torrencial. A Finca Flichman fica situada precisamente numa depressão formada em tempos remotos por aquele rio, em Barrancas, na zona de Maipú, a cerca de meia hora de viagem da capital da província.

A "Finca" está em vindimas. Luís Cabral de Almeida, o enólogo principal, e Ricardo Rebelo, o director-geral da Sogrape na América do Sul, esperam-nos à porta da adega. É a última colheita de Luís na Argentina. Em Junho, regressa a Portugal, para assumir a enologia da Herdade do Peso, no Alentejo. Ricardo está para ficar. Casou com uma argentina e tem um filho argentino, adepto resignado do Sporting. "Papi, nadie lo conoce!", costuma queixar-se, quando leva o equipamento leonino para a escola.

De Barrancas à "janela das estrelas"

O dia promete: parrilha típica ao almoço, cabrito assado ao jantar, provas de vinhos pelo meio e ainda um passeio a cavalo ao entardecer. Mas primeiro as vinhas. Cecília, a mendozina que lidera a viticultura da Finca Flichman, vai explicando as transformações que têm sido feitas: a substituição do sistema de rega por inundação pelo de gota a gota, a aposta no pé franco nas novas plantações (videiras sem porta-enxerto), a instalação de lonas anti-granizo nas linhas de videiras, a recuperação do sistema de parral (o equivalente à latada minhota), a sementeira de erva no meio dos bardos em alguns talhões.

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