Fugas - Vinhos

  • Pancas
    Pancas Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Romeira
    Romeira Enric Vives-Rubio
  • Pancas
    Pancas Enric Vives-Rubio

Continuação: página 2 de 7

Tejo e Lisboa, duas regiões outrora malditas, entraram na moda

Para alguns, o trabalho essencial da presente geração consistiu na reconstrução de uma imagem negativa. O descalabro das regiões de Lisboa e do Tejo coincidiu, de acordo com algumas opiniões, com o surgimento das adegas cooperativas, na década de 60. João Corrêa, enólogo da Companhia das Quintas, não alinha totalmente, pois desencadearam um "grande salto qualitativo". O golpe mortal das cooperativas foi a falta de visão e capacidade de gestão dos responsáveis. "As cooperativas eram mais ‘comprativas’. Os sócios não as viam como suas e mandavam tanto as uvas boas como as más", diz João Corrêa.

Para este enólogo, a região de Lisboa sempre mostrou grande dinamismo e adaptabilidade. Agora "mudou o chip para a qualidade", para os vinhos de quinta. "Quando lhe pediram muito vinho, ela reagiu e abasteceu Lisboa e as colónias". A proximidade da capital e a certeza da venda causou "muita propensão para a martelada".

As regiões abrigam casas históricas, com grande capacidade produtiva. Situada em Alpiarça (Tejo), a Quinta da Lagoalva de Cima é uma dessas propriedades, pertencente à família dos duques de Palmela. O vinho é uma tradição antiga, com referências desde 1776. Manuel Campilho está ao leme da casa e conta que há testemunho de cultivo da vinha em 1888. Produz 220.000 garrafas, dos quais 40% na exportação. História tem também a Quinta de Sant’Ana (Lisboa), com fundação no século XVII. Os actores Eduardo Brasão e Rosa Damasceno foram alguns dos seus proprietários, que nela construíram um teatro. James Frost, o actual proprietário, exporta 60%.

Mas o vinho do Tejo e de Lisboa não vive apenas de brasões. Também há jovens produtores que se dedicam a vinhos de nicho, com teses diferentes dos agentes maiores. Porém, a dinâmica nem sempre resulta em sucesso. O caso dos vinhos Vale d’Algares, bastante elogiados pela crítica, é um exemplo dos que ficaram pelo caminho. Mas, hoje, Tejo e Ribatejo, que em conjunto representam cerca de 3,5% do total do vinho comercializado em Portugal, têm a seu favor a tendência. De 2011 para 2012 as vendas com a denominação de origem Tejo, por exemplo, aumentaram mais de 20%.

Para uma grande parte das empresas, porém, o mercado interno é já uma vocação acessória. A DFJ, por exemplo, factura 95% nos mercados externos, onde factura 95%. Na região de Lisboa detém 200 hectares de vinha, que abastecem o grosso da produção. Exemplo prático da performance: a nova adega, com dois anos, com mais de 2,3 milhões de litros de capacidade, para poder expandir a produção.

O mesmo se passa com a Casa Santos Lima, fundada no século XIX e ainda pertença da mesma família. Pedro Gonçalves refere a nova adega, que irá aumentar "significativamente" a capacidade dum dos maiores produtores de Lisboa. A exportação é de 90% das vendas. Com uma dimensão liliputiana, a Casal Figueira é outra campeã da exportação: 99%. O projecto começou em 1990, pela mão de António Carvalho. Marta Soares comanda hoje o negócio, dividindo a vida com as artes plásticas e a docência. Faz 7.000 garrafas de vinho de nicho.

--%>