Quando José Bento dos Santos adquiriu a propriedade não lhe passava pela cabeça dedicar-se ao sector, conta o filho Francisco. Nesses idos de oitentas, as vides não formavam o grosso da actividade da quinta. Existia apenas uma vinha muito velha, pré-filoxera, da qual restam cinco fileiras a quem chamam de «museu». As castas são desconhecidas e as tentativas de fazer vinho deram em nada, «só como curiosidade ou graça», explica Francisco Bento dos Santos.
Antes do vinho, a família Bento dos Santos ponderava o que poderia ir bem naquela terra. A sorte acabou por lhe bater à porta. Uma equipa de técnicos israelitas deslocou-se a Portugal, tendo em vista obter fruta fora de época. A Quinta do Monte d’Oiro foi visitada e conheceu trabalhos de estudo profundos. Os israelitas desistiram do negócio, mas na quinta ficou um trabalho apurado. Uma das actividades indicadas era a da viticultura. O trabalho começou em 1990 e em 1997 fez-se a primeira vindima.
Hoje saem cerca do Monte d’Oiro 70.000 garrafas para muito mundo. A quinta está dividida por castas, cada uma com sua parcela e vindimadas separadamente. Francisco Bento dos Santos afirma que a terra não é toda igual, pois há "premier cru, deuxième cru e grand cru"– terminologia utilizada na classificação vinícola em algumas regiões francesas. O solo, argilo-calcário, com áreas com afloramentos de sílica, é do jurássico superior.
A equipa técnica, como os proprietários, não sabem explicar as diferenças nos resultados das vinhas. Sabem, de modo empírico, que alguns lotes dão sistematicamente melhores uvas. O facto só está explicado na vinha 24, devido à diversidade genética. Os anos de vindimas já permitem um bom conhecimento dos solos e dos comportamentos das parcelas. No Monte d’Oiro não se rega e a agricultura faz-se em modo biológico.
Os 42 hectares da quinta não estão todos ocupados com vinha. Na realidade, as vides ocupam apenas 20. Um espaço considerável é de mata, com árvores variadas que o primeiro Bento dos Santos escolheu. A área de vinha divide-se, em números redondos, por Syrah (9,5 hectares), Viognier (4,8), Touriga Nacional (1,7), Petit Verdot (0,9), Tinta Roriz (0,5) e por pequenos espaços com Marsanne e Arinto. As castas dominantes denunciam o paladar de José Bento dos Santos. As apostas são vencedoras, mas outras houve que não resultaram, como foi o caso da Touriga Franca, cultivar caprichosa fora do seu ambiente duriense.
As vides vieram de viveiristas nacionais, mas algumas plantas têm origem em vinhas francesas, todas com mais de 60 anos. Tudo tem uma lógica e aqui foi a de obter uma maior variedade genética, visto que nesses anos ainda não se fazia selecção de clones. "É como se tivéssemos transplantado para aqui uma vinha de 60 anos" – afirma Francisco Bento dos Santos. O plantio foi feito com uma densidade de plantação superior ao normal. Usualmente são 4.000 pés por hectare e no Monte d’Oiro são 8.000. A concorrência provoca maior disputa e menos quantidade, mas acrescenta qualidade. Francisco Bento dos Santos afirma que a filosofia da casa assenta em três pilares: terroir, viticultura e enologia. A equipa técnica, tanto no campo como na adega, é formada por Graça Gonçalves e por Ricardo Constantino, além da consultoria de Gregory Viennois.