Fugas - Vinhos

  • Pancas
    Pancas Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Romeira
    Romeira Enric Vives-Rubio
  • Pancas
    Pancas Enric Vives-Rubio

Continuação: página 3 de 7

Tejo e Lisboa, duas regiões outrora malditas, entraram na moda

Em regiões próximas do cosmopolitismo de Lisboa, a abertura aos mercados externos tende a ser mais natural. "A DFJ Vinhos nasceu em 1998 apenas para exportar", diz Neiva Correia. "O mercado mais exigente e competitivo do mundo é, de longe, o do Reino Unido, pela constante inovação, capacidade de resposta e exigência de qualidade do produto e do serviço prestado".

Uma opinião partilhada com o administrador da Falua, Luís Castro, que também nasceu para a exportação e lá factura 70%. A decisão estratégica foi tomada nos anos 90. "A opção mais fácil na altura seria definir como mercados preferenciais aqueles que mais afinidades têm connosco, como é o caso dos PALOP, Brasil e dos mercados da saudade". No entanto, a opção foi o Reino Unido, porque sendo «dos mais competitivos a nível mundial» quem tem sucesso "está preparado para entrar em qualquer mercado do mundo".

Lançar-se num mercado tem riscos e nem sempre o trabalho das entidades públicas é reconhecido positivamente. "A nossa maior fragilidade é o desconhecimento da marca Portugal e a burocracia no nosso país" – garante Neiva Correia. Opiniões partilhadas com a generalidade dos entrevistados. Vários indicam melhorias.

A batalha das castas

Jovens e por definição irreverentes, as duas regiões não alimentam sobre si um discurso baseado na tradição ou no património único das suas castas. Para eles, o pragmatismo é a palavra de ordem. Todos partilham a sensação que há um grande desconhecimento de que Portugal produz vinho, e com qualidade. Pedro Lufinha, gestor da Quinta da Alorna, diz que em alguns países o facto de se fazerem "vinhos de blend e não monocasta dificulta o consumo". E muitos acreditam que a diversidade regional expressa em várias denominações de origem e em várias castas, na sua maioria desconhecidas dos consumidores internacionais, é mais um problema do que uma oportunidade. O que explica as inúmeras plantações de castas estrangeiras no Tejo e Lisboa.

Será que estas castas estrangeiras tiram autenticidade? João Barbosa, da Caves D. Teodósio, admite que sim. Mas sem uma certeza absoluta. "Não será dizer o mesmo das castas portuguesas que são oriundas de outras regiões? Na minha opinião não temos de ter tipicidade com castas internacionais, mas fazer grandes vinhos, de modo a que possamos mostrar aos consumidores que somos bons naquilo que fazemos!"

Carlos Pereira da Fonseca, neto do famoso Abel Pereira da Fonseca, está à frente da Companhia Agrícola do Sanguinhal, que produz a histórica marca Quinta das Cerejeiras (Lisboa), que já em 1894 tinha vinhos referenciados na imprensa brasileira. A exportação vale 30% e as castas estrangeiras dão uma ajuda. Diz que estas castas não retiram autenticidade. "Muitas vezes, mais do que as castas, são as práticas enológicas que tornam os vinhos menos diferenciados uns dos outros. Além disso, a presença de castas internacionais, em conjunto com portuguesas, pode ser uma forma de começar a introduzir as nossas castas junto de consumidores que, de outra forma não arriscavam comprar um vinho português com uma casta desconhecida". Esta é uma opinião partilhada com Luís Costa e José Neiva Correia.

--%>