João Rodrigues - Feitoria, Lisboa
João Rodrigues, chef do Feitoria (uma estrela Michelin) gosta de pensar os pratos que cria conjugando-os com vinhos – um trabalho que faz habitualmente com o escanção André Figuinha.
O chef do Feitoria gosta também de descobrir vinhos que o surpreendam. É o caso dos três que escolheu a pedido da Fugas. O primeiro é o Villa Oliveira 2011 (100% Encruzado), da Quinta da Pelada, Dão. “Achei-o fascinante porque, para além de ser um monocasta, é um branco muito atípico, com muita estrutura, que encaixa muito bem com pratos com algumas intensidade e sabores mais fortes”.
A segunda escolha é o Charme 2009, Niepoort, Douro, um vinho que conjuga “muita estrutura, notas muito terrosas, frutos secos, trufas, cogumelos” com “uma frescura e acidez notáveis”.
A terceira escolha é o Moscatel Triologia 1900/1934/1965 de José Maria da Fonseca, Setúbal – o enólogo Domingos Soares Franco fez “um blend de três lotes, cada um do seu ano, que é ideal para sobremesas mais fortes, doce de ovos com amêndoas, chocolate, caramelo com flor de sal”. Ao juntar as três melhores colheitas do século XX, Soares Franco “criou um vinho que é um pouco a história do nosso país”, afirma.
No Feitoria, João Rodrigues propõe um menu de degustação que pode ter diferentes dimensões, e ainda um menu criativo, que deve ser pedido através de reserva com 48 horas de antecedência, e onde a ideia é ficar “nas mãos do chef”. É a melhor forma de descobrir mais profundamente uma cozinha que parte dos ingredientes portugueses, mas que integra influências de outros pontos do mundo, nomeadamente da cozinha asiática – ou não fosse o restaurante, onde somos recebidos pela reprodução de um biombo Nanbam retratando a chegada dos portugueses ao Japão, também uma homenagem às viagens dos portugueses pelo mundo. A.P.C.
Feitoria - Altis Belém Hotel & Spa, Doca do Bom Sucesso, 1400-038 Lisboa. Telf:21 040 0207.
Pedro Nunes - São Gião, Guimarães
Mais que cozinheiro, Pedro Nunes é sobretudo um gourmet no mais genuíno sentido do termo. Para lá da técnica, a sua cozinha rima sobretudo com prazer e satisfação gastronómica e é assim que gosta de se apresentar. À jaqueta de chefe, prefere o blazer azul e o lencinho de seda. A pose do bon-vivant!
Fala dos vinhos pelo prazer que lhe dão, a novidade e o gosto pela diferença. “Há toneladas de vinhos bons. Portugal, felizmente, está cheio deles e com uma relação qualidade/preço que é óptima”, diz, para enunciar a sua primeira escolha: O rosé alentejano Sobro, que custa no mercado nacional menos de cinco euros.
“Acho delicioso! Cumpre aquilo que tem de cumprir, que é ser fresco. É óptimo para começar o dia!”. Dos seus pratos, frisa que o bebe “sempre, mas sempre” com o salmão braseado com molho de endro e rábano picante. “Tem notas acidificadas, fica a matar”. A segunda escolha vai para um Douro tinto, o Dona Francisca Vinhas Velhas. “Estamos a beber o 2010, que está fantástico”. Aconselha-o para a sua pá de borrego no forno. “Sem cebola”, frisa. “Apenas com alecrim, banha, água e alho. Fica crocante e vai muito bem com a juventude do vinho”, complementa.
Por último, o Grande Reserva da Quinta da Casa Amarela, também do Douro mas já mais subido no preço (45 euros). “Gosto daquele tipo de elegância, está fantástico”, acentua, associando-o à açorda de espargos selvagens e perdiz. “Tem uma acidez porreira e destaca a presença da perdiz”, diz, num tom de quase desafio e a fazer crescer a água na boca. J.A.M.
Restaurante São Gião. Rua Comendador Almeida Joaquim de Almeida Freitas, 56. 4815-270 Moreira de Cónegos – Guimarães - Tel. 253 561 853