Fugas - Vinhos

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Borgonha, uma viagem pela Terra Prometida do Chardonnay e do Pinot Noir

Um pequeno e celestial pedaço. Na Borgonha, o céu está mesmo na terra. Na terra criada pelo mar e decifrada por monges sabedores e pacientes, nos vinhos diáfanos mas intensos e delicados que brotam dos seus extrordinários climats, um termo que se presta a grandes frases, como a que o jornalista francês Bernart Pivot criou e que serviu de mote à candidatura da região a Património Mundial: “A Borgonha é a única região do mundo que se pode orgulhar de ter um clima no céu e mais de 1240 ´climas´ sobre a terra. Na Borgonha, quando se fala de clima, não se levantam os olhos para o céu, baixam-se em direcção da terra”.

 

Curiosidades da Borgonha

A cuvée des 6
No final de Abril do ano passado, uma geada severa queimou uma boa parte da produção da Borgonha. No grand cru Le Montrachet, a quebra foi mesmo gigantesca, ao ponto de seis dos principais proprietários - Domaine Romanée-Conti, Domaine des Comtes Lafon, Domaine Leflaive, Guy Amiot, Lamy-Pillot (incluindo os 542 metros de Claudine Petijean) e René Fleurot - terem decido juntar as respectivas produções e fazer um único vinho, já conhecido como a cuvée des 6. De um total de 1,25 hectares, foram produzidas apenas 600 garrafas. Dez a 15 vezes menos do que a produção num ano normal. O vinho foi feito no Domaine Leflaive e provavelmente não irá ser vendido, uma vez que a legislação local não permite que um produtor venda com o seu nome um vinho produzido noutra adega. As 600 garrafas deverão ser divididas pelos seis vizinhos e bebidas com parentes, jornalistas e clientes especiais. Pela sua natureza e raridade, a cuvée des 6 poderá vir a tornar-se um branco lendário da Borgonha.

Brancos depois dos tintos
Na Borgonha, os brancos provam-se a seguir aos tintos. Em regiões de tintos tânicos, pode soar um pouco estranho. Mas na Borgonha, onde os tintos são elegantes e finos e os brancos são gordos e intensos, faz todo sentido.

As melhores colheitas
As melhores colheitas das últimas três décadas na Borgonha, de acordo com as avaliações oficiais, foram 1990, 2005 e 2009, nos tintos, e 2002, 2005 e 2009, nos brancos.  

Terras com nomes de vinhas
Na Borgonha, sobretudo a partir do final do século XIX, após a filoxera, muitas aldeias e vilas tomaram o nome dos seus vinhedos mais célebres, tentando com isso retirar alguma fama e proveito. Por exemplo, Gevrey, onde o vinhedo mais famoso era e é Chambertin, passou a chamar-se Gevrey-Chambertin; Vosne passou a ser Vosne-Romanée; Aloxe virou Aloxe-Corton e Chassagne e Puligny anexaram o nome de Montrachet. No Douro, seria como juntar o Noval ao Pinhão. Passava a ser Pinhão-Noval.

A evolução dos vinhos
Regra geral, os vinhos da Borgonha provenientes de solos com mais rocha calcária ganham amplitude com o tempo. Os vinhos de solos com mais argila nascem gordos e começam a estreitar ao fim de 10, 15 anos. Quem o garante é Phillippe Pacalet, que faz vinhos em 30 terroirs diferentes da região (ver texto principal).

O que é um Clos?
Em Bordéus, há châteaux, na Borgonha há Clos, termo que designa uma vinha antiga fechada e cercada por muros de pedra. O Clos Vougeot e o Clos de Tart são os mais famosos. Ambos remontam à Idade Média.

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