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Salvador: Nos mistérios e no “caos bonito” da Feira de São Joaquim

Por isso o seu olho “está focado nesse sentido”. Espera que, no futuro, quem pegar nas suas imagens saiba “como foi o tempo” em que viveu, “o que é que existia, e que desapareceu”. Porque muitas coisas que fotografou já não existem – as festas do Largo de Salvador acabaram, um grupo do Maraú não existe mais, a festa do divino em Bom Jesus da Lapa em que havia uma performance tipo teatro de rua com mais de 500 actores não se repete. 

Este é um universo para o qual a Feira de São Joaquim “é um paraíso” e é por isso que estamos num dos lugares míticos de Salvador, a que os turistas vão muitas vezes sem saber por onde começar, nem onde encontrar os objectos mais autênticos (vão à ala antiga, conselho de Adenor).

A feira “tem diversas leituras”, contextualiza. “Da leitura do conteúdo psicológico ou intelectual das pessoas e costumes passa pela cozinha, pela fruta, pelos diversos tipos de comportamento. Tem ali o candomblé, tem ali a Igreja católica, tem tudo. É um universo que é a síntese da cultura de um povo, apesar da fragmentação que vai descaracterizar aquilo. Sempre digo que o que me interessa fotografar é o jeito do corpo e alma das coisas e do povo da Bahia, que é infinito.”

Hotel com histórias
Mal entramos a sensação é a de que estamos não num hotel, mas num lugar carregado de histórias. O Convento do Carmo, em Salvador, agora transformado em hotel de luxo pelo grupo Pestana, tem de facto a história inscrita em todo o lado.

As paredes que começaram a ser erguidas em 1586 (terminando em 1730) guardaram não apenas as celas de frades Carmelitas, foram também palco da assinatura de rendição dos holandeses aos portugueses em 1625 e serviram de quartel às tropas portuguesas. Ao fim do dia, podemos, assim, sentar-nos no bar Baía de Todos os Santos, no segundo claustro, com a piscina em redondel mesmo à frente, e imaginar as personagens históricas a atravessar os corredores labirínticos que dão acesso aos quartos. Ou então ficar nas poltronas situadas no final dos corredores, junto a janelas, se nos quisermos refastelar.

O hotel faz parte do conjunto do Carmo, formado pela Igreja, que continua a funcionar, por uma sacristia pintada em ponto de ouro, e por duas capelas – uma delas pode ser visitada se se pedir na recepção do hotel. Já o Museu do Carmo, que tem um acervo de 1500 obras, tem estado fechado, ficando assim guardadas as obras de arte sacra, peças de ourivesaria, roupas bordadas a ouro, pratas e móveis. Com 79 quartos e suites, decorados ao estilo clássico mas confortável, o hotel tem ainda um spa, com massagens e tratamentos de corpo e rosto, um restaurante com uma carta onde se mistura a gastronomia portuguesa e baiana (e doces conventuais, ou não estivéssemos nós num convento), e uma sala de leitura-biblioteca onde os hóspedes se podem isolar e ler ou trabalhar. Pormenor importantíssimo é a simpatia dos recepcionistas, sempre disponíveis a ajudar em tudo.

Pestana Convento do Carmo
Rua do Carmo, 1
40301-330 Santo Antônio Além do Carmo
Tel.: +(55) 71 33278400
www.pestana.com

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