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Salvador: Nos mistérios e no “caos bonito” da Feira de São Joaquim

 

Apareça quando lhe der na veneta
À porta não há nada que sinalize onde estamos. Mas sigam em frente. Estão a entrar no D’Venetta, um dos lugares mais charmosos da zona histórica de Salvador, no bairro de Santo António.

Não, isto não é a casa de alguém, apesar de, pelas várias salas, se espalharem objectos que tornam o ambiente familiar e confortável. Há também muitos quadros nas paredes de barro batido, móveis antigos – cuidado que num deles estão mais de 100 variedades de cachaça, vindas de vários sítios do país….

Isto não é a casa de alguém, mas podia ser a sala de visitas dos donos, Ademir e Dora Souza. A diferença é que aqui cabem cerca de 200 pessoas. Este é mais do que um restaurante e bar, é um espaço cultural que tem exposições, recitais de poesia, shows musicais pelo menos uma/duas vezes por semana. “Aqui no bairro tinha falta de um espaço agradável com comida legal” – e então apareceu a vontade de criar o D’Venetta, explica Ademir Souza, que nunca tinha tido experiência de gerir um bar e restaurante antes de abrir este, há quatro anos e meio.

Ele é administrador de formação, e o responsável pelas bebidas no D’Venetta; é também educador social, faz mosaicos e coordena uma Organização Não Governamental que trabalha com meninos de rua. A mulher, autora do menu, é médica, especialista em saúde pública e activista. Os dois andaram em busca de um espaço no bairro e encontraram este casarão que estava em ruínas. “Daí a ideia do D’Venetta, a gente pensou em abrir quando a gente tivesse vontade.” Agora com funcionários (seis ao todo) os horários têm que estar mais certos, mas o espírito mantém-se: a tradição é o cliente ligar para saber se vai estar aberto. “A ideia é que não lote, que não fique aquela loucura. O espaço precisa se manter, mas não queremos ter muita gente.”

Muitos objectos que servem para decorar o D’Venetta vieram de casa dos donos, outros foram aparecendo pela mão dos clientes.

Quanto às especialidades, são sobretudo comida regional: sarapatel, carne do sol, arrumadinho com camarão, vegetais ou frango, moqueca… (as doses dão para duas pessoas). Só não há é sobremesa certa todos os dias – também é D’Venetta e quando visitámos o espaço Ademir tinha-se esquecido dos doces de banana em casa.

Programação para a Copa? “A gente vive num país desse e está gastando tanto dinheiro com a Copa…”, diz, em tom de lamento. “Fico meio por fora.” E por isso o D’Venetta estará aberto mas não planeia organizar nada de especial em sinal de protesto.

D’Venetta
Tel. +55 71  3243 0616 / 8763 6423
www.dvenetta.com.br/
Pratos entre 18 e 25 reais
De quarta a sábado, das 18h às 23h30, e domingo, das 11h às 18h 

 

No pomar do paraíso
É difícil lá chegar sem ser de táxi. Mas no Paraíso Tropical tem-se, de facto, a experiência de estar nos trópicos. Aconselha-se a ir de dia para dar uma volta ao pomar de Beto Pimentel, o chef e o dono.

É ele que fornece uma pequena parte da matéria-prima desta cozinha, como as ervas – outra parte vem da fazenda do próprio, que tem 35 mil pés de frutas e fica a 100 quilómetros dali.

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