O restaurante 100 Maneiras, que esteve quatro anos aberto em Cascais, está agora no Bairro Alto, na Rua do Teixeira, onde foi o Olivier e, antes, o Porta Branca. Mudou-se o 100 Maneiras para Lisboa e, em relação ao original, só não mudaram três coisas: a boa cozinha, o chefe que a elabora, o bósnio Ljubomir Stanisic, e o nome. No resto, começando pelo conceito culinário, mudou radicalmente, mas, repito, continua muito bom. Não foi por, como ele diz, ter falido em Cascais por ser um "mau gestor", que Ljubomir Stanisic, que nasceu em Sarajevo (na ex-Jugoslávia, actual Bósnia-Herzegovina) há 31 anos, desaprendeu de cozinhar.
Ele é um dos mais talentosos e imaginativos chefes de cozinha da nova geração a trabalhar em Portugal e um jantar recente no novo 100 Maneiras confirmou-o em toda a linha. O restaurante, uma sala onde caberão umas 30 pessoas bem sentadas, pintado de branco, é bem iluminado, pormenor apreciável, uma vez que foge à moda, que nunca me atraiu, de espaços onde, apesar de não nos equivocarmos no caminho, que é sempre o da mão à boca, termos dificuldade em distinguir a cor e a composição do que nos servem.
As alfaias são muito adequadas à função, com destaque para os copos, que ajudam ao brilho dos vinhos, uma selecção assinalável de 150 espumantes e champanhes, brancos, roses e tintos, escolha pessoal do chefe de cozinha, que é um apreciador informado e actualizado. Os preços são sensatos. Esta questão dos preços, muito aguda agora que a crise passou das palavras aos actos, é outra das novidades maiores do novo 100 Maneiras.
Todos os dias há um menu novo, que Ljubomir Stanisic vai construindo enquanto deambula pelos corredores do velhinho Mercado da Ribeira, vendo o que há nas bancas de legumes, peixes e mariscos, carnes e frutas. Uma preocupação maior do chefe de cozinha bósnio é que nenhum menu de degustação, com sete/oito propostas diferentes, ultrapasse os 35 euros. Até agora, tem-no conseguido.
O mais caro foi um que ficou por 31 euros, por nesse dia, ao sair de casa, o tempo chuvoso lhe ter trazido o cheiro a terra. Comprou uns cogumelos silvestres, "foie gras" fresco e a conta final subiu um poucochinho, já que habitualmente a degustação fica-se pelos 25/28 euros. No meu caso foram-me cobrados 28 euros e espero que se espantem tanto como eu quando vos informar sobre o que me foi servido.
Nos anos que levo desta actividade de apreciador de restaurantes, tenho-me apercebido que há quem, embora sem conseguir verbalizar as razões, se sinta intimidado perante as novidades e ousadias culinárias dos novos chefes. E, em vez de dar uma oportunidade aos novos sabores e novas propostas ou aos sabores de sempre mas confeccionados de acordo com técnicas inovadoras e apresentações mais ousadas, preferem ficar-se pela mesmice habitual. Esquecem-se do rifão que, não sendo ciência que aprecie, neste caso acerta ao proclamar, quanto à comida, que "nem sempre galinha, nem sempre sardinha". Quero com isto pedir-vos que não tratem os restaurantes como alguns leitores tratam os clássicos: todos falam deles como se os conhecessem, mas são raros os que os compram e lêem. Não se sentem sempre às mesmas mesas.
- Nome
- Restaurante 100 Maneiras
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua do Teixeira, 35 - Bairro Alto
- Telefone
- 910307575
- Horarios
- Segunda a Sábado das 20:00 às 02:00
- Website
- http://www.restaurante100maneiras.com
- Preço
- 35€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Não