As suas grandes janelas de vidro estão viradas para o Tejo e, em dias claros, além do jardim e de trechos da cidade, avista-se o perfil da Serra da Arrábida. O ambiente é cosmopolita e cheio de luz, a decoração de muito bom gosto, as mesas são amplas e a boa distância umas das outras, os panejamentos dos melhores e os talheres, copos, decantadores e demais alfaias dos mais adequados à função.
Apesar de, ao fim de um ano após a abertura, em 2005, o Eleven ter sido distinguido com uma estrela Michelin, o primeiro ano e meio da casa não foi fácil. A cozinha levou algum tempo a ganhar ritmo e o serviço de sala, com destaque para os vinhos, demorou a acertar o passo com as ambições do Eleven, que nunca escondeu querer dotar Lisboa de um restaurante merecedor da atenção e das distinções dos inspectores do Guia Vermelho Michelin.
Como fui fazendo refeições no Eleven durante os seus três anos de vida, posso concluir que, encarado em todas as suas facetas, o restaurante é, actualmente, o melhor de Lisboa. O chefe Joachim Koerper pratica uma cozinha de mercado e de estação, não se emociona com as descobertas culinárias fantasiosas, preferindo canalizar as suas energias, emoções e inteligência na transformação de produtos da mais alta qualidade e frescura.A cozinha de Koerper é criativa, bem apresentada, dando de comer aos olhos e ao facto, antes de satisfazer as papilas. Embora elaborada, não é uma cozinha barroca. Koerper sabe que mais de três/quatro ingredientes em cada criação culinária podem distrair o paladar do principal, que é a harmonia do cozinhado.
Resumo as impressões de três refeições feitas no Eleven, almoços e jantares, de 18/10/06, de 27/1/07 e de 23/3/07, este último para testar a nova carta da Primavera. Da primeira refeição, ficou-me na memória a delicadeza da salada de vieiras (29 euros) e a originalidade do gaspacho quente (29 euros); da segunda, a excelência da sinfonia de ostras (crua, panada e escondida numa batatinha "ratte", 24,50 euros) e do ravioli de lavagante (29 euros), a suculência do tornedó de novilho (33 euros) e a correcção do ponto de cozedura do pregado em crosta (66 euros, duas pessoas), embora não tenha ficado convencido da origem marítima do peixe. A cozinha é também a arte do disfarce.
A refeição mais recente permitiu testar sobretudo o sector dos peixes da ementa primaveril. Das entradas, provaram-se as "nozes de vieiras e polvo à lagareiro em espetada de rosmaninho, coração de alface e vinagreta de iogurte" (26 euros), começo pouco auspicioso, dado o excesso de frigorífico das vieiras e a pouca qualidade do polvo, sensaborão e aborrachado; excelentes, porém, caramelizados por fora, rosados e untuosos no interior, os "escalopes de foie gras quente com ravioli de pêra, sucos com mel de especiarias e balsâmico" (29 euros); muito bem na sua simplicidade, talvez inspirado no alentejano coelho à São Cristóvão, o "coelho confitado com pequena salada, gastrique de laranja e óleo de noz" (22 euros).
Os peixes provados, e aprovados, foram: o "bacalhau confitado com limão, mariscos à ''la nage'' e batata esmagada com azeitonas" (28 euros), o peixe, em meia cura, de posta alta, alva, as lascas a abrir como folhas de um livro, ponto de cozedura impecável, acompanhamento a condizer, bela criação.
- Nome
- Eleven
- Local
- Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Rua Marquês da Fronteira - Jardim Amália Rodrigues
- Telefone
- 213862211
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 23:00
- Website
- http://www.restauranteleven.com
- Preço
- 70€
- Cozinha
- Mediterrânica
- Espaço para fumadores
- Sim