Há crepes, gelados e cupcakes; sandes e empadas; croissants e scones. Há doces e salgados num centro comercial icónico da Baixa portuense, que já nasceu e morreu algumas vezes. Se dizem que à terceira é de vez, talvez seja este o derradeiro (re)nascimento desta fénix, Galerias Lumière de nome e cinéfila de fama. Essa vocação perdeu-se no caminho, ganhou outra noctívaga (de pouca dura) e agora assume uma compleição diurna.
Se chegarem as sessões de cinema fora do sítio poder-se-á dizer-se que se fechou um círculo — por enquanto, ficamos à mesa, às mesas, aliás, que desembocam todas na praça central. Afinal, os projectos pioneiros desta nova vida das Galerias Lumière são todos da área da restauração — não uma restauração estandardizada: a preocupação centrou-se na busca de conceitos diferentes e complementares que trouxesse um “público interessante”, diz Filipa Montalvão, da Sandeira (já lá iremos).
Há música no ar e montras novinhas em folha em volta da ágora deste centro comercial que, à escala actual, é minúsculo. Uma clarabóia enche de luz natural o espaço que é o meridiano das galerias, o ponto zero, uma plataforma um pouco mais elevada e encaixada na estrutura do espaço, ao lado da escadaria e do “lago” (à espera que lhe dêem nova utilidade), em frente à entrada do lado da Rua de José Falcão, bem no centro onde convergem as novas lojas do rés-do-chão e em torno do qual se desenha o primeiro andar em mezzanine.
Estamos na sala de estar das galerias — à laia de praça de alimentação mas com um toque personalizado: o mobiliário escandinavo de inspiração retro foi desenhado especialmente para aqui, mesas de madeira e cadeiras a combiná-la com bordeaux, verde e negro, sob candeeiros pequenos, alinhados em quadrado, com luzes coloridas.
Faltam pormenores de decoração, explica Cláudia Castro, da empresa proprietária das galerias, como mais vegetação e pontos acolhedores. Esses detalhes serão concretizados até Setembro, quando será a abertura oficial das “novas” Galerias Lumière. “O que fizemos foi um ‘cheirinho’”, explica Cláudia, referindo-se à abertura de 31 de Julho, “em Setembro teremos o rés-do-chão cheio”. Virão uma mercearia portuguesa e italiana, outra japonesa, uma loja de artigos para crianças.
Por agora, as novas propostas são de comer — e, quem sabe, de chorar por mais —, juntando-se à florista Flores & Arte, à loja de tinteiros e toners, e à livraria que são os resistentes das galerias. É esta, a Poetria, com 11 anos, que tem estatuto de veterana, por aqui: “Estou muito confiante, creio que se vai criar dinamização. É tudo malta nova cheia de ideias”, diz a proprietária, Dina Silva.
Tête à Croissant
A ideia para a Tête à Croissant saiu da cabeça de Daniela Cunha e Tânia Moreira, 25 e 24 anos, respectivamente, durante umas férias — uma ideia “naturalmente relaxada”, portanto — e agora o resultado pode cheirar-se na sua pequenina loja (como são todas) nas Galerias Lumière. É o odor que primeiro se sente quando nos aproximamos: o de croissants a aquecer no forno. Não são elas que os fazem — levaram dois anos a encontrar o croissant ideal para a concretização da sua ideia, que surgiu quando misturaram salgados num croissant e “soube bem”. De volta ao Porto procuraram um sítio onde pudessem degustar croissants salgados e não encontraram. “Achámos que era uma ideia a explorar, uma novidade”, contam. Dois anos, um curso de empreendedorismo e um prémio de empreendedorismo feminino depois, o projecto que valeu o prémio (leia-se, o subsídio) é uma cafeteria-sala-de-chá.
- Nome
- Galerias Lumière
- Local
- Porto, Sé, Rua José Falcão, 157
- Telefone
- 0
- Horarios
- Segunda a Sexta das 09:00 às 20:00
Sábado das 09:00 às 00:00
- Website
- https://www.facebook.com/galerias.lumiere?fref=ts