Seguiu-se a açorda de gambas (9,90€), que está uma delícia. Equilíbrio e envolvência, a deixar sobressair sobressair a textura e sabor das gambas. Igualmente a demonstrar perícia culinária a massada de bacalhau (10,90€) que se seguiu. Perfeita nos aromas e cremosidade, com os pimentos vermelhos, coentros e cebola a deixar um suco guloso e atraente.
A mesma sensação de gosto e satisfação com arroz de polvo malandrinho com filetes do mesmo (9,90€) que igualmente se convocou. Final a espevitar o palato, dividindo-se os palpites entre a pitadinha de caril e ou um toque de laranja aspergida no final do cozinhado. Puro engano. Apenas um bom puxado com folhas de louro e água da cozedura a apurar os sabores, como explicaria depois a chef Elvira. Quem sabe, sabe!
Igualmente muito bem apresentadas e de grande satisfação a sobremesas provadas: torta de Guimarães com sorvete de papaia com lima (3€); delicia de chocolate (3,20€); e tarte de maçã com gelado de baunilha. Tudo na companhia de Concha e Toro, um colheita tardia bem interessante produzido no Chile e servido a copo (2,25€), a mostrar que nem sempre as coisas boas têm que ficar caras. Assim haja bom-senso e sentido profissional, de que este Cheers é um muito bom exemplo.
"Pr"a picar", a lista propõe ainda queijo marinado, amêndoas torradas e tâmara com bacon (1 a 2 euros a porção). "Pr"a petiscar", há moelinhas com molho "puxa pinga", bolinhos de bacalhau, gambas na frigideira, amêijoas na cataplana, enchidos na frigideira com grelos, choquinhos salteados, morcela com ananás, espetadinha de frango com azeite e manjericão, alheira com ovos de codorniz, pica-pau de novilho e prego em pão chapata. Os preços oscilam entre 2,5 e 6,2 euros.
Para lá da açorda, da massada e do polvo que foram servidos, a oferta de peixes incluía ainda um cataplana de peixes e mariscos (12,55€, com meia-hora de espera) e pataniscas de bacalhau com malandrinho de feijão (8,55€). Nas carnes, a opções variavam entre o joelho de porco com grelos, costeleta grelhada com espinafres, dois bifes (com cogumelos selvagens e com presunto) e um bitoque com espinafres, com preços de 8.6€ a 12€. Há também uma francesinha especial (8€).
Resta dizer que este Cheers é uma espécie de ser duplo, já que há um outro localizado em pleno centro histórico, na Praça de S. Tiago. O serviço é idêntico, mas fica a ideia de que é o espaço Avenida que a vocação gastronómica e petisqueira se concretiza na plenitude. O mentor do projecto é Henrique Ferreira, um jovem e promissor chef cozinheiro, em cujo trabalho se notam os efeitos dos tempos em que trabalhou com Miguel Castro e Silva, provavelmente o mais genial intérprete da nossa cozinha tradicional.
Como agora percebemos, o Cheers conta também com a arte e sabedoria da mãe de Henrique, a tal chef Elvira de que acima falámos, a comprovar a teoria inicial da profícua combinação entre o peso da tradição e os conceitos de modernidade de que Guimarães beneficia e de que o Cheers é um muito bom exemplo.
Não importa se é restaurante ou bar, o que é seguro é tratar-se de um espaço onde a cultura gourmet e o sentido gastronómico está no centro de tudo. Com critério, sentido profissional e qualidade acima da média. E a preços sensatos, o que nos dias de hoje é, talvez, uma virtude bem rara.
- Nome
- Cheers Avenida
- Local
- Guimarães, Oliveira do Castelo, Av. D, Afonso Henriques, 917 (junto à estação da CP)
- Telefone
- 253438409
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
- Espaço para fumadores
- Não