Fugas - restaurantes e bares

  • DR
    DR
  • DR
    DR
  • DR
    DR

A sina do Faia reza-se com o turismo do fado

Por Luís J. Santos ,

A casa do Bairro Alto lisboeta fundada pela lendária Lucília do Carmo, fadista maior e mãe de Carlos, prossegue, mais de meio século depois, a sua sina, agora marcada pelas visitas dos turistas e pelo espectáculo de Lenita Gentil.

Abriu portas como a Adega da Lucília (do Carmo) em 1947 e a família fadista de Carlos do Carmo só deixou a casa já na década de 80. Pelo caminho, mudou-lhe o nome para o apodo Faia. E assim ficou. 

Hoje, é um grande e certo refúgio de turistas: "Temos 20 a 30 por cento de clientes portugueses", diz-nos Pedro Ramos, da família que actualmente gere o espaço. A casa é marcada por presenças quase permanentes e contínuas, como António Rocha (conhecido como "o rei do fado menor"), Anita Guerreiro (que de artista de variedades a fadista se tornou célebre, entretanto, como actriz de telenovelas) ou a jovem Ana Marta.

Mas, no elenco, a grande estrela é Lenita Gentil, voz poderosa e nome de fama com muitos êxitos populares no currículo (quem não se lembra de trautear "Eles foram tão longe"?) e duas décadas aqui: "Faço diariamente um espectáculo de uns 45 minutos", "é um grande esforço" diz-nos a artista, rouca porque o frio e o cansaço não perdoam, após um show mais curto que o habitual e de ter assinado alguns CD comprados por turistas conquistados. No espectáculo, é certo, ninguém lhe põe em causa a entrega ao momento e, não rara vez, a voz é acompanhada com o pé a bater no chão, como que sublinhando um tom ou sentimento que precisa de segurança de chão ou impulso para o ar. "Canto com o corpo todo", resume, sem que haja quem possa duvidar.

Depois do "show" é tempo de confraternizar com os novos fãs, de todas as proveniencias. "Acabei de assinar dois CD a um casal polaco, falámos um bocadinho, até agradeci em polaco, é assim". A sessão não é só fadista, até porque a estrela gosta de diversificar, passando por todos géneros populares. Entre o fado tradicional de António Rocha, a garra e bom humor de Anita Guerreiro, que passa de um fado sentido a uma "coisinha mais alegre" e a pujança de Lenita Gentil, o auditório fica conquistado e até nós não resistimos a um "lalala".

Com uma grande e repleta sala, decorada a grandes painéis de azulejos de referências lusas, entre pescadores e Santo António ou a natural homenagem a Lucília do Carmo, mais um pequeno lounge-bar e um bar independente para quem se cansa dos fados, o Faia é a opção clássica para quem procura o fado entretido.

Até porque "aqui come-se muito bem", garante Anita, 57 anos de espectáculos. "Se as pessoas forem mal servidas, não adianta dar-lhes boas cantigas que não voltam a sítio nenhum".

"Tentamos que a oferta seja de alto nível, elenco, gastronomia, serviço, ambiente, para acabar com aquela coisa que as casas de fado carregam de que se come mal nos fados e não tem que ser assim", remata Pedro Ramos, salientando: "Na última edição do Lisboa à Prova (2010) até fomos finalistas, o que foi uma primeira vez para uma casa de fados."


Comer e beber

O preço do jantar começará em 45/50 euros (o consumo mínimo sem jantar é de 20 euros).

A ementa propõe pratos tradicionais, com um toque de inovação. Nas entradas, pode provar-se uma tempura de camarão com sésamo, mel, salada verde e citrinos, ou mexilhões na chapa com pimenta da terra dos Açores, alho e limão.

Nome
O Faia
Local
Lisboa, Encarnação, Rua da Barroca, 48
Telefone
213421923
Horarios
Segunda a Sábado das 20:00 às 02:00
Website
http://www.ofaia.com
Preço
55€
Cozinha
Portuguesa
Espaço para fumadores
Não
--%>