A moda não é assim tão recente, mas era quase como que um exclusivo das zonas mais cosmopolitas e requintadas do Porto. Os restaurantes de tendência Japonesa eram coisa para os ambientes de executivos da Avenida da Boavista ou as endinheiradas gentes da Foz, mas o boom turístico e a agitação cultural que alastram pela Baixa nos últimos tempos como que têm popularizado a tendência para a abertura de restaurantes de sushi. E não só na Baixa. Também na Ribeira é hoje tão fácil encontrar casas de rolinhos de sushi ou sashimi como as tripas à moda do Porto.
Altura, pois, para a Fugas revisitar o Góshò, um restaurante que como poucos segue o guião oriental de forma rigorosa e consequente. A começar pelo ambiente e decoração, que seguem os padrões recomendados pela entidade que supervisiona a instalação de restaurantes japoneses pelos quatro cantos do mundo. O mesmo se diga em relação à confecção e escolha de produtos, igualmente reconhecidos pelas entidades nipónicas que orientam o sector.
Além da cozinha, a própria localização logo induz a ideia de que entramos numa outra dimensão. Uma ampla cave no complexo associado ao Hotel Porto Palácio, à qual se acede por uma escada lateral. Apesar de descermos, o primeiro impacto é de um certo efeito de levitação aparentemente provocado pela luz vinda do chão. A sala, que parece ser oval e sem qualquer tipo de esquinas ou contornos a "cortar" o ambiente visual, está envolvida por uma cortina metálica, assim criando um corredor externo que dá acesso às estruturas de apoio.
Uma ampla clarabóia central põe-nos em comunicação com o mundo exterior, mas sem interferir com o contexto de sossego e equilíbrio dominante. Apenas as mesas estão bem iluminadas e os feixes e intensidade da luz, sempre ténue, acentuam a envolvente que nos leva a quase sussurrar para não interferir com a harmonia reinante. O mobiliário, igualmente desenhado pelo arquitecto Paulo Lobo, é também de linhas simples e depuradas.
Não se pense, no entanto, que as opções culinárias se restringem aos típicos peixes e mariscos crus e rolinhos de arroz envinagrado, aos quais a generalidade dos portugueses começa por torcer o nariz. O conceito desenhado pelo conhecido chef Paulo Morais, que continua como consultor do projecto, inclui uma grande variedade e de pratos quentes e algumas sugestões de fusão harmonizando produtos portugueses, japoneses ou de outras origens, enquadrados com as técnicas de corte, confecção e apresentação japonesas.
O efeito é por vezes quase arrebatador, como experimentamos com uns camarões fritos em polme de amêndoa (8€, duas unidades), com a espetada de vieiras grelhadas com ar de eucalipto (6€, duas unidades), uns filetinhos de barriga de atum (9,5€, cinco fatias) ou a carne barrosã DOP braseada (5€). A este propósito, convém esclarecer que o Góshò é o único restaurante do Porto com certificação para servir carne barrosã e também que o atum que aqui é servido provém em exclusivo de um fornecedor do Algarve que abastece alguns dos e melhores restaurantes de Tóquio.
- Nome
- Góshò
- Local
- Porto, Lordelo do Ouro, Avenida da Boavista, 1227
- Telefone
- 226086708
- Horarios
- Segunda a Quinta das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
Sexta das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 00:30
- Website
- http://www.gosho.pt
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Japonesa